Área plantada está em expansão.
A consultoria suíça Kingsman SA elevou em 63% a estimativa de superávit global de açúcar no ano-safra 2012/13, para 9,3 milhões de toneladas, principalmente devido à expansão da área plantada. Se concretizada a previsão, o excedente mundial de açúcar acumulado entre 2010 e 2013 praticamente compensará o déficit observado entre 2008 e 2010, disse o executivo-chefe da empresa, Jonathan Kingsman.
A consultoria também ajustou a projeção do superávit de oferta para 2011/12 - que terminará em 30 de setembro - para 10,2 milhões de toneladas, ante 9,7 milhões de toneladas previstas anteriormente. "O fato de o mundo estar em um superávit de açúcar não surpreende a ninguém", afirmou o executivo-chefe antes da Conferência de Açúcar da Ásia-Pacífico, na próxima semana. "Contudo, o que deve surpreender é que os excedentes estão ficando maiores, e não menores, o inverso do que deveria estar acontecendo e sugere que o mercado ainda não está enviando sinais corretos para os produtores."
O volume excedente terá que ser transferido para a próxima temporada, a menos que a demanda de países como a China cresça, levando os exportadores a estocar açúcar, ou os preços globais caiam abaixo dos valores praticados no mercado doméstico para desencorajá-los a vender açúcar. Mas a chave ainda seria "persuadir os brasileiros a fabricar etanol em vez de açúcar", acrescentou Kingsman.
Isso poderia ocorrer se o governo do país aumentasse os preços da gasolina ou ampliasse a diferença entre os impostos para a gasolina e misturas de gasolina e etanol, a fim de estimular a demanda pelo biocombustível, disse ele, observando que isso poderia retirar 5 milhões de toneladas de açúcar do mercado em 2012/13.
Alternativamente, o executivo-chefe da consultoria afirmou que a demanda subirá se as cotações internacionais do açúcar recuarem abaixo da "paridade do etanol", nível em que é mais lucrativo fabricar o biocombustível do que refinar o açúcar - atualmente entre 18 e 19 cents por libra-peso na comparação com os cerca de 20 cents por libra-peso do açúcar na Bolsa de nova York (ICE Futures US). Se nada disso acontecer, completou ele, o clima adverso pode cortar significativamente o superávit de açúcar.
Brasil - Kingsman estima que o Centro-Sul do Brasil produza 32,8 milhões de toneladas de açúcar na temporada iniciada em 1º de abril, acima das cerca de 31,3 milhões de toneladas registradas em 2011/12. Contudo, ele advertiu que o tempo chuvoso na região já está afetando a colheita e pode reduzir a produção final. "Mas isso não é suficiente para resolver o problema de superávit, precisamos que o clima não se comporte bem em mais do que apenas no Centro-Sul do país", e há sinais de tal cenário se desenvolvendo na Índia e na Rússia, revelou.
Os canaviais indianos provavelmente receberão chuvas durante o início do período de monções neste ano para estabelecer uma forte safra, mas previsões climáticas apontam que o El Ni¤o pode ocorrer em meados de julho, reduzindo as precipitações no fim da temporada, o que pode prejudicar o desenvolvimento da cana. Na Rússia, o severo clima quente e seco pode baixar a produtividade e repercutir na produção, segundo Kingsman.
De acordo com ele, a Índia produzirá 25,5 milhões de toneladas de açúcar bruto em 2012/13, abaixo das cerca de 25,9 milhões a 26 milhões de toneladas em 2011/12. No próximo ciclo, a produção russa deve alcançar 4,7 milhões de toneladas, 6,7% menos na comparação anual, mostraram dados da consultoria.
Veículo: Diário do Comércio - MG