Estágios geram 61% de efetividade, aponta pesquisa da ABRH-RS

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A competitividade no mercado de trabalho brasileiro e a frequente falta de mão de obra em diversos setores têm refletido diretamente no aproveitamento de estagiários. No Rio Grande do Sul, 61% dos estudantes acabam efetivados. O setor de serviços lidera, aproveitando 84% dos aprendizes. Na sequência, aparecem comércio (9%) e indústria (7%). Os dados foram divulgados ontem em pesquisa conduzida pela Associação Brasileira de Recursos Humanos no Estado (ABRH-RS). No levantamento, realizado pela primeira vez, a entidade mapeou a situação dos estágios coletando dados de 3 mil pessoas em mais de 800 empresas de pequeno, médio e grande porte.

Diante desse cenário, cada vez mais segmentos recorrem aos estagiários, lapidando-os para ocupar postos definitivos no futuro. “Está se consolidando uma nova forma de tratamento para os estágios, ao contrário de alguns anos atrás, quando ele era visto como uma mão de obra barata. Hoje, as empresas querem achar bons estagiários para ficar com eles depois. Em função da mão de obra qualificada escassa no mercado, vejo as empresas apostando nessa relação”, salienta Flávia Pereira, diretora de sistemas de remuneração da ABRH-RS.

Segundo a dirigente, a elevada quantidade de vagas existentes faz com que os estudantes tenham um maior leque de opções na hora de escolher onde quererem trabalhar. Por isso, algumas empresas preparam uma série de estratégias para atrair estudantes em busca de uma oportunidade. As táticas levam em conta remuneração, pacote de benefícios e perspectivas de crescimento na companhia. “Engenharia, por exemplo, oferece uma boa remuneração e acaba contratando os alunos antes mesmo de eles se formarem, por ser uma profissão que está demandando muitos profissionais”, exemplifica Flávia.

As companhias que não adotam uma postura de valorização dos novatos deveriam adotar, aponta Flávia. “Se uma empresa oferecer uma bolsa baixa, ela vai demorar mais para preencher as vagas e vai perder os melhores estagiários para outras empresas. Remuneração muito baixa pode não trazer o perfil de profissional desejado”, alerta. Segundo o levantamento da ABRH-RS, as empresas que disponibilizam vagas para secretários-executivos, estatísticos, economistas e engenheiros são as que melhor pagam os estagiários entre os 32 segmentos analisados. No fundo do ranking, estão os postos para alunos de Jornalismo, de Educação Física e do Ensino Médio.

Hoje, o salário pago para alunos do Ensino Médio no Estado varia entre R$ 1,33 e R$ 5,86 por hora. No Ensino Técnico, os valores-hora vão de R$ 1,66 a R$ 7,90. Já no Ensino Superior, as quantias se encaixam entre R$ 1,25 e R$ 10,20 a cada 60 minutos. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, o montante médio desembolsado pelas companhias é maior do que no Interior, variando de R$ 1,25 a R$ 14,16 a hora. “As bolsas pagas pelas empresas são um reflexo da remuneração paga aos profissionais que já estão no mercado de trabalho.”

Mas não é só remuneração que deve ser levada em consideração no momento de disponibilizar uma oportunidade, conforme Flávia. Os benefícios também podem ser um diferencial. Mesmo assim, muitas companhias derrapam nesse quesito. O estudo indica que 61% das empresas estaduais não fornecem vale-refeição e que 80% não ofertam assistência médica.

O setor de serviços emprega 81,2% dos estagiários gaúchos. Em seguida vem comércio e indústria, ambos com 8,17%. Os micro e pequenos estabelecimentos e os empreendedores individuais são responsáveis por 54% das contratações. Já as firmas de médio e grande porte abrigam 23% dos estudantes selecionados. Do total de vagas abertas, 23,6% são em Administração, 17,7% em Engenharia e 9,2% em Ciências Jurídicas e Sociais.

Flávia lembra que, quando buscarem um estagiário, as empresas precisam equilibrar as suas possibilidades com as expectativas do estudante. Ela ainda enfatiza a importância de realizar um processo seletivo priorizando características pessoais em detrimento de experiências anteriores.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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