Vendas no varejo têm menor alta em 3 anos

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Crescimento no 1º semestre foi de 7,6%, diz Serasa, e de 3% para a ACSP; intenção de compra para o 3º trimestre é a menor em 5 anos, diz Provar


A desaceleração do ritmo de atividade bateu no comércio varejista no primeiro semestre deste ano. E a perspectiva é que a velocidade de negócios continue perdendo o fôlego ao longo deste trimestre porque o consumidor está com um pé atrás na hora de ir às compras, apontam três pesquisas divulgadas ontem por entidades diferentes que acompanham o desempenho do comércio.

O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio encerrou o primeiro semestre deste ano com crescimento de 7,6%. Foi a menor taxa de variação registrada para esse período nos últimos três anos. De âmbito nacional, o indicador mede o desempenho do varejo, levando em conta as consultas para compras com cheque, crediário e cartão, recebidas pela entidade. No primeiro semestre de 2011, a taxa de crescimento do indicador havia sido de 9,6% e em igual período de 2010, de 10,7%.

Comportamento semelhante do comércio foi captado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que registrou no primeiro semestre deste ano crescimento de 3% no número de consultas para vendas à vista e a prazo em relação ao mesmo período de 2011. Essa também foi a menor taxa de crescimento semestral em três anos. No primeiro semestre de 2010, a alta anual havia sido de 8,2% e, no primeiro semestre de 2011, de 6,7%.

A crise chegou ao varejo, concordam os economistas Luiz Rabi, da Serasa Experian, e Emílio Alfieri, da ACSP. Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Conselho do Provar e responsável pela pesquisa de intenção de consumo, o marasmo nas vendas do comércio varejista deve se agravar neste trimestre.

Entre julho e setembro deste ano, 53,8% dos consumidores pretendem comprar algum bem durável, revela a pesquisa trimestral de intenção de compra no varejo da Provar/FIA. Esse resultado é o menor já registrado desde 2007 para todos os trimestres. Em relação a igual período de 2011, a queda é de 18,6 pontos porcentuais e, ante o trimestre anterior, de 4,2 pontos.

De acordo com a pesquisa, que consultou 500 paulistanos, de todos os estratos sociais, entre os dias 7 e 23 de junho, há retração na intenção de compras na maioria dos segmentos, tanto em relação ao terceiro trimestre do ano passado como em relação ao segundo trimestre deste ano. Na comparação anual, os maiores recuos ocorrem em eletroeletrônicos (-76,6%) e cine e foto (-52,8%). Em relação ao segundo trimestre, as maiores quedas são registradas em eletroeletrônicos (-58,3%) e informática (-26,8%). Estimulados pelo governo, imóveis e automóveis registram as maiores taxas de crescimento nas intenções de compra para o terceiro trimestre, tanto na comparação anual como em relação ao mês anterior,

"Está claro que os acréscimos no consumo serão cada vez menores, pois o endividamento está alto e inadimplência vai demorar para cair", diz Felisoni. Na sua avaliação, as medidas de estímulo ao consumo dadas pelo governo não estão surtindo efeito.

Já os economistas Rabi, da Serasa Experian, e Alfieri, da ACSP, têm uma avaliação diferente. "Se os estímulos ao consumo não tivessem sido dados, o crescimento seria bem mais fraco", diz Rabi. "Sem os estímulos ao consumo, a economia já estaria em recessão", afirma Alfieri.

Já para o assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), Fábio Pina, o comércio exibe taxa de crescimento significativa, apesar da crise. De janeiro a abril, último dado disponível, o crescimento do faturamento real foi da ordem de 3,5%. Há indicações de que a atividade se acelerou em maio. Mesmo assim, pelo segundo mês seguido, o Índice de Confiança do Consumidor apurado pela Fecomércio-SP caiu em junho. Pina ressalva que o nível do indicador ainda é alto.

Internet. O marasmo na intenção de compras para o terceiro trimestre também atingiu as compras pela internet, geralmente de consumidores de maior poder aquisitivo. Segundo pesquisa do Provar/FIA/ebit, há queda na intenção de compras no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2011. Cristina Rother, diretora do e-bit, diz que a projeção de crescer 25% este ano será reduzida.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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