Apesar de giro maior, lojista segue temeroso

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As redes varejistas do Brasil sentiram crescer 7,6% o número de consumidores nas lojas no mês de junho, na comparação com igual período de 2011. Mesmo com o saldo positivo do mês passado, este é o pior índice do setor nos últimos três anos, conforme apontou o Indicador e Atividade do Comércio do Serasa Experian divulgado ontem. O fato de o comércio mostrar desaquecimento não fez, porém, com que houvesse demissões no setor, diferentemente do que tem ocorrido na indústria. Segundo dados do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a intenção de abertura de novas vagas aumentou 0,5% de maio para junho, para 129,5 pontos. Na comparação com junho de do ano passado, a alta foi de 4,7%.

"Aumentou a intenção de contratar no comércio. É até um contraste, enquanto a indústria está demitindo, o comércio está contratando", notou João Felipe Araújo, economista da CNC. A percepção sobre os níveis de estoque também melhorou, com alta de apenas 0,3% ante maio. Na comparação com junho de 2011, o avanço foi de 5,3%. No entanto, permanece em patamar baixo, aos 95,1 pontos. "Os estoques ainda preocupam o empresário do comércio, mas houve alívio. E a tendência é que haja melhora até o fim do ano, porque é quando tanto o volume de vendas quanto a receita do comércio aumentam", previu Araújo.

Na opinião de Claudio Felisoni, presidente do Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), o cenário pode se modificar a um patamar negativo em 2013. "A crise mundial está se aproximando do Brasil. Basta olhar o resultado da exportação do País no trimestre. O saldo positivo da balança comercial ainda é favorável ao comércio, mas em breve terá reflexos negativos", afirmou o especialista.

Outro ponto que comprova o menor crescimento do varejo é a piora da intenção de investimentos, que segundo dados apurados pelo CNC caiu 2,1% em junho ante maio, apesar de ter melhorado 1,8% em relação a junho de 2011, aos 117,8 pontos. O Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), que inclui as perguntas sobre emprego, estoque e investimentos no setor, atingiu 114,1 pontos em junho, uma queda de 0,4% em relação a maio, mas uma alta de 3,9% na comparação com o mês de junho do ano passado.

Confiança abalada

Apesar do plano de contratar mais funcionários neste segundo semestre, devido também à demanda do Natal, tudo indica que o humor dos empresários do comércio está menor. Foi o que pareceu na passagem de maio para junho. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) ficou em 125,7 pontos no mês passado, uma queda de 2,5% na comparação com maio. A desvalorização do real frente ao dólar e o aumento na inadimplência prejudicaram o humor dos empresários, de acordo com a CNC.

Todos os subíndices que compõem o indicador contribuíram para a deterioração do ânimo no comércio. O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec) caiu 5,2%, para 101,3 pontos. Já o Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (Ieec) recuou 2,1%, para 161,7 pontos. O Índice de Investimentos do Empresário do Comércio (Iiec) teve queda de 0,4%, para 114,1 pontos.

Na comparação com junho de 2011, a confiança aumentou 1,5%, puxada pela melhora de 4,9% das expectativas e pelo avanço de 3,9% na perspectiva de investimentos. Por outro lado, ainda em relação a junho de 2011, a visão dos comerciantes em relação às condições atuais da economia apontou uma queda de 5,7%.

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, os resultados indicam uma piora na visão do empresariado sobre as condições atuais do comércio, enquanto as expectativas para o futuro seguem em patamares elevados. A entidade ainda espera um ano favorável para o comércio, com crescimento de cerca de 8% no volume de vendas em relação ao ano passado.

Intenção de compra

O índice alto de inadimplência, renda familiar comprometida com gastos mais necessários e menor intenção de compra para o próximo trimestre (de junho a setembro) também comprovam que o comércio desacelerou. É o que aponta a pesquisa realizada pelo Provar/FIA, também divulgada ontem, em São Paulo (SP).

O índice de consumidores que têm a intenção de comprar algum bem durável no terceiro trimestre teve recuo de 4,2 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre deste ano.

Desta forma, as pessoas que poderiam efetuar novas compras passaram de 58% para 53,8%. No comparado de igual período de 2011 e 2012 (trimestres), o índice foi menor, ao recuar 18,6 pontos percentuais.

Para Claudio Felisoni, um dos responsáveis pela pesquisa de intenção de compra, o consumidor está mais seletivo e possui uma maior parte da renda familiar comprometida por "dívidas" contraídas em anos anteriores e isso faz com que o varejo sinta essa retração. "Todos os dados levam em consideração fatores passados. O índice de inadimplência também", enfatiza.

 

Veículo: DCI


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