O Brasil voltou a liberar ontem as importações de maçãs e peras argentinas, que estavam retidas na fronteira desde o início de junho, época em que o governo começou a retaliar a Argentina pelas barreiras comerciais generalizadas impostas no início do ano.
Segundo Marcelo Locharte, diretor da Câmara Argentina de Fruticultores Integrados, foram concedidas seis licenças, o que permitiu a entrada de 120 toneladas de maçãs e peras no Brasil.
As exportações anuais da Argentina ao mercado brasileiro são mais de mil vezes superior a esse número e atingem cerca de 130 mil toneladas das duas frutas. "Esse é um pequeno passo, mas que já possibilitou retirar da fronteira caminhões que aguardavam há 45 dias a permissão para entrar", afirmou Locharte.
De acordo com dados do dirigente, a paralisação provocou uma perda de US$ 13 milhões, sendo US$ 9 milhões para maçãs e US$ 4 milhões para peras. A previsão inicial para 2012 era faturar US$ 120 milhões com as vendas para o mercado brasileiro.
A liberação das frutas argentinas faz parte do acordo informal fechado pelas secretárias de Comércio Exterior do Brasil, Tatiana Prazeres, e da Argentina, Beatriz Paglieri, durante a cúpula presidencial do Mercosul, em Mendoza, na semana passada.
Pelo acordo, Brasil e Argentina passariam a autorizar pontualmente a entrada das mercadorias retidas nos dois países. O primeiro gesto partiu do Brasil, no dia seguinte ao acordo, com a permissão de entrada para azeite de oliva e azeitonas. A Argentina retribuiu esta semana, autorizando embarques de carne suína (ver acima).
O mercado externo dos dois países ainda se depara há dois meses com um intercâmbio enfraquecido. No acumulado dos seis primeiros meses do ano, as importações brasileiras da Argentina recuaram 8,6% e as vendas do Brasil para o país vizinho diminuíram 16%. A corrente de comércio bilateral foi reduzida de US$ 18,4 bilhões para US$ 16,2 bilhões na comparação entre os dois períodos.
Veículo: Valor Econômico