Electrolux aposta em produto importado de menor valor

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A prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na linha branca não trouxe alento à Electrolux. A multinacional sueca, que tem no Brasil o seu segundo maior mercado, depois dos Estados Unidos, faz ressalvas quanto ao efeito da medida em meio ao endividamento do brasileiro. Por isso, a ordem na companhia, que faturou US$ 2 bilhões no Brasil em 2011, é apostar em produtos mais acessíveis, voltados ao "bem-estar da casa", como umidificadores de ar, aquecedores de água, climatizadores de ar, bebedouros e purificadores de água.

"Acreditamos que esses novos produtos devam representar cerca de 10% do nosso faturamento este ano", afirmou ao Valor Ruy Hirschheimer, presidente da Electrolux na América Latina. A companhia começou a trazer alguns desses itens há dois anos, mas só agora está reforçando a distribuição nos pontos de venda. Com eles, a Electrolux começa a chegar a redes onde antes não estava presente, como as de material de construção e decoração ("home centers"). A expectativa da empresa é aumentar as vendas em cerca de 15% este ano.

Os itens são importados da China, Tailândia e Coreia, mas têm design brasileiro. A maioria dos produtos é oferecida a uma faixa de preço entre R$ 300 e R$ 400, segundo Hirschheimer. "Apesar do aumento do dólar, vale a pena importar esse produto, voltado à melhoria da casa, que custa bem menos do que uma geladeira ou lavadora", diz o executivo. O item mais caro é o aquecedor de água, que pode chegar a R$ 2,8 mil, dependendo do modelo.

Entre os principais concorrentes nas novas categorias, estão Lorenzetti (aquecedores de água), Mondial (umidificadores), Philco e Elgin (climatizadores), Latina (bebedouros), Philips e Consul (purificadores de água).

Em relação ao aumento da venda de bens que dependem mais de crédito, como linha branca e automóveis, Hirschheimer tem dúvidas. "O endividamento médio do brasileiro preocupa e não sabemos até que ponto somos bons em gerenciar dívidas", comenta o executivo.

No caso de eletrodomésticos, há mais uma fator de "estresse", além do crédito: as fabricantes aumentam a velocidade de lançamentos, mas o espaço físico das lojas é o mesmo. "Por isso cresce a importância de canais como o varejo eletrônico", diz Hirschheimer. Para garantir a preferência pela Electrolux nos cerca de 4 mil pontos em que a marca está presente, a empresa aumentou em 10% o número de promotores nas lojas.

"Elas são funcionárias da companhia, não são terceirizadas", destaca Valmir Buscarioli, vice-presidente de recursos humanos da Electrolux na América Latina. A empresa conta atualmente com 500 promotoras, que visitam os pontos de venda de maior fluxo de clientes para treinar vendedores e ajudar o consumidor a decidir, destacando os diferenciais da marca. Equipada com notebook, a promotora também avisa a empresa sobre o estoque da loja e os produtos mais adequados ao perfil daquela unidade. "Cerca de 70% das vendas são decididas no ponto de venda", lembra Hirschheimer.

Quanto à possibilidade de abrir novas fábricas no país, o executivo afirma que uma unidade industrial pode vir na segunda metade de 2013. "Para tomar essa decisão, é preciso unir incentivo fiscal e logística adequada à demanda da região", diz ele. A economia fortalecida gera mais problemas logísticos às fabricantes, que precisam criar alternativas para reduzir custos.

Foi assim que a Electrolux passou a trabalhar com a montagem "flutuante" de linhas de produção dentro das dependências da fábrica, que são ajustadas conforme a demanda. "É um conceito mais flexível, que ajuda na economia dos custos fixos, como transporte", afirma o presidente.

Hoje, a companhia conta com unidades fabris em Curitiba (PR), São Carlos (SP) e Manaus (AM). "O transporte de um fogão de São Carlos para Recife, por exemplo, representava 8% do custo do produto", diz Hirschheimer.

No mês que vem, a empresa retoma a produção de ar-condicionado em Manaus, que havia sido interrompida devido à baixa na demanda.



Veículo: Valor Econômico


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