Preço do pão francês está mais caro até 7% na Região

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Alta do dólar aumenta o preço da farinha; consumidor perde um pãozinho com a variação


O pãozinho francês que chega à mesa dos moradores do ABCD está mais caro.  De acordo com Antonio Carlos Rodrigues, presidente do SIPAN/Santo André (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria), o preço da farinha subiu 10% nos últimos dois meses, devido à oscilação do dólar, aumento que segue a tendência de ser repassado para o preço dos produtos nas padarias.

O sindicato orienta que as panificadoras da Região aumentem o preço entre 5% e 7%. Um quilo de pãozinho que custava R$ 7,00 pode chegar agora até R$ 7,49. De acordo com cálculo feito pela reportagem, em uma padaria do centro de São Bernardo, o consumidor perde um pão a cada dez pães comprados, devido ao aumento. Levou-se em conta 50g em média como peso para cada unidade de R$ 0,35.

“Percebi um pouquinho”, disse o engenheiro mecânico Ubiratan de Bone. “De manhã eu compro pão, uns seis pãezinhos, estava mais ou menos uns R$ 6,80. Deu uma ‘aumentadinha’ aí.”  Para Ubiratan, o preço deve ter aumentado cerca de 20%. “A porcentagem é grande, mas o valor acaba sendo pouco.”
A dona de casa Gina Valenzuelo Bozzone discorda da opinião de Bone. “O aumento é horrível. O pão francês é o que a gente mais consome”.

O assessor administrativo Edson Nascimento também não aprova o aumento. “Eu acho um absurdo. Antigamente,  você pagava R$ 0,20 a R$ 0,25. Hoje você compra por quilo e não sabe quantos pãezinhos vêm”. O assessor explica que para ele o produto é importante. “O pãozinho está no dia a dia de todo mundo, seja rico ou pobre. Você pode até não comer um bolo, ou outra coisa, mas eu acho que um pãozinho não pode faltar na mesa do brasileiro”.

Por quilo - Desde novembro de 2006, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) determinou às panificadoras e supermercados do País a venda do pão francês por quilo, sob pena de multa.

Para Manuel Sampaio, presidente da AIPAN (Associação das Indústrias de Panificação e Confeitaria) da Região, o aumento do preço é inevitável. “Por causa da oscilação do dólar, a farinha subiu em média 10%. Nós também somos consumidores, não queríamos, mas a gente tem que fazer esse repasse. É impossível não repassar 5% a 7%”.

Repasse não é imediato

Nem em todas as padarias visitadas pela reportagem o aumento foi repassado, conforme alegaram os representantes dos estabelecimentos. Elias Azevedo, gerente de panificadora, em São Bernardo, conta que não repassou o novo preço. “Não aumentou, não vamos repassar por enquanto. Nosso preço já é bom, está no topo”, afirma. Azevedo cobra R$ 8,00 o quilo.

Já Graça Maria Santos, sócia- proprietária de uma padaria de Santo André, afirma que o único aumento do pãozinho no estabelecimento foi há quatro meses. “O repasse não foi imediato. Cobramos R$ 7,40 o quilo. A gente segura o máximo que pode, aí quando vê que não dá, repassa.” Graça Maria fala sobre a reação dos clientes ao aumento. “Tem gente que só percebe quando chega ao caixa. Às vezes até volta para pesar de novo. Geralmente, como é calculado por quilo, a pessoa não liga para o valor, percebe no preço final”.

Dólar chegou a aumentar 30% este ano

O economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, explica porque o aumento do dólar interfere no preço da farinha. “Do começo do ano até agora, o dólar aumentou cerca de 20%, e 30% nos últimos dois meses. De R$ 1,20 já chegou a valer R$ 2,10, estando agora por volta disso”, conta. “O Brasil importa muito trigo da Argentina. Quando o dólar está valendo muito, a farinha importada fica muito cara”.

Conforme a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a produção anual de trigo no Brasil oscila entre cinco e seis milhões de toneladas. Ainda de acordo com dados da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), o Brasil importou neste ano, até maio, cerca de três milhões de toneladas.

“Não tem uma política que favoreça a cultura de trigo no País”, explica Rodrigues, presidente do SIPAN. “Poderia haver uma política industrial que fornecesse isenção de impostos para quem plantasse trigo”, sugere. “A farinha fica vulnerável ao dólar e aumenta, mas nem sempre acontece o mesmo com os salários, que não estão ligados à moeda”.

O aposentado Sebastião Rodrigues, 74, reclama do aumento. “O pão inflaciona, mas aí o trabalhador não tem poder aquisitivo. Aposentado também come”, brinca Sebastião.

Também teve dissído

Alberto Nunes, sócio proprietário de uma padaria em São Caetano e vice-presidente do SIPAN, conta que seu estabelecimento repassou o aumento há cerca de uma semana. “Os clientes percebem. Nós procuramos justificar que é por causa do dólar.”

Reajuste salarial - Nunes explica que também  houve o dissídio coletivo. “Foi dado um aumento real de 2,5% acima da inflação. Foi aprovado o dia do padeiro, que dá um vale de R$ 160,00 aos funcionários e uma cesta básica de Natal”.

Também foi prorrogada a Medida Provisória 522/2011 do governo federal até dezembro deste ano. A MP isenta a importação de trigo no Brasil das contribuições PIS/Pasep e Cofins.

O SIPAN também tem reivindicado no Senado a isenção de impostos para produtos originados da farinha, como o ICMS e a própria Cofins.



Veículo: Diário do Grande ABC - SP


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