'Consórcio do Café' valida nova técnica que diminui custos

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O Brasil, que já avançou em produtividade na cafeicultura, com média de 25 a 30 sacas por hectare, tem condições de ampliar ainda mais seu potencial por meio do manejo das lavouras e alcançar entre 30 e 35 sacas por hectare. Várias cultivares melhoradas já estão à disposição do produtor e algumas pesquisas prometem maior eficiência à atividade, como a mecanização do café robusta e o plantio do capim braquiária em meio à plantação.

Grande parte dos estudos é feita pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, iniciado há 15 anos. Formado por cerca de 40 instituições, entre elas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Epamig, Iapar, o consórcio traz em seu currículo o maior programa de estudos sobre café no mundo.

A meta é oferecer ao mercado, em quatro a cinco anos, uma variedade tolerante à seca, problema que afeta seriamente a cafeicultura nos últimos anos. A seca é responsável por diminuir o peso do fruto e a produção, pois provoca o abortamento de flores e queda do fruto ainda pequeno da planta, chamado de chumbinho.

Pesquisa como o estresse hídrico controlado, que possibilita a maturação uniforme dos frutos, colaborou para a diminuição da bienalidade da espécie arábica, em que um ano de alta produção é seguido por outro de menor colheita. A tecnologia desenvolvida para o Cerrado, combinada à nutrição equilibrada e irrigação, proporciona maior produtividade e crescimento do cafeeiro.

Outra aposta dos pesquisadores é o plantio de braquiária entre os pés de café, que inibe as plantas invasoras e reduz a aplicação de herbicidas, provocando a redução dos custos e menor impacto ambiental. Depois de roçada, a braquiária forma uma camada de nutrientes para a planta, principalmente o fósforo, que fica retido no solo. O nutriente garante energia para a planta, forma novos ramos, e aumenta a produção.

O estudo está prestes a ser validado. "Vamos entrar no processo de transferência de tecnologia", afirma Gabriel Bartholo, chefe da Embrapa Café, que assumiu o cargo há cerca de três meses. De acordo com ele, técnicos agrícolas serão capacitados para levar essas tecnologias aos cafeicultores de todo o país.

Os testes começaram em 2007 em alguns plantios de Minas Gerais, oeste da Bahia e Goiás. A previsão, de acordo com Antonio Fernando Guerra, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Café, é que em pouco tempo a técnica esteja sendo empregada na maior parte do sistema produtivo.

Outra pesquisa, mais recente, é o desenvolvimento da mecanização para o café robusta, conhecido como conilon. A espécie, normalmente mais produtiva, tem uma estrutura que dificulta sua mecanização, como a existência de muitas hastes na comparação com o arábica. O foco é a criação de máquinas adequadas para a colheita e a seleção de plantas com potencial de mecanização, que apresentem maturação uniforme, maior facilidade do fruto se desprender da planta, por exemplo.

O estudo está em sua fase inicial. Antonio Fernando Guerra diz que é muito difícil prever quando as tecnologias estarão disponíveis, mas acredita que "de três a cinco anos será possível implementar a colheita mecanizada no café conilon".



Veículo: Valor Econômico




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