Impasse argentino sobre batatas favorece a Bem Brasil

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A fabricante de batatas pré-fritas congeladas Bem Brasil Alimentos acaba de revisar a sua previsão de vendas em 2012, de R$ 204 milhões para R$ 215 milhões. O incremento de 5% na receita se deve, principalmente, aos recentes entraves na importação de batatas pré-fritas congeladas da Argentina para o Brasil, que favoreceram a indústria nacional.

Segundo o diretor da Bem Brasil, João Emílio Rocheto, cerca de metade das vendas dessa categoria no país vem da Argentina, a partir de fábricas das multinacionais McCain, do Canadá, e Farm Frites, da Holanda, que são as duas maiores fornecedoras das cadeias de fast-food locais. Em maio, o governo brasileiro adotou barreiras alfandegárias contra a Argentina, em mais um capítulo das disputas comerciais entre os dois países, o que prejudicou os negócios da McCain e da Farm Frites no Brasil.

"Mas, no nosso caso, fomos beneficiados", diz Rocheto, que passou a atender em caráter emergencial o Burger King, dono de uma rede com cerca de 200 pontos de venda no país.

O entrave entre Brasil e Argentina está sendo resolvido. Segundo o jornal argentino "El Cronista", tanto Farm Fries quanto McCain voltaram a exportar ao país na semana passada. Rocheto garante que a paralisação das exportações argentinas serviu para as redes de fast-food no Brasil perceberem que podem contar com um fornecedor local. "Quando se trata de uma rede estrangeira, como o Burger King, essa decisão [de ter um fornecedor local] é mais difícil, porque depende da matriz, mas nós já estamos conversando com redes locais nesse sentido, como a Giraffa's ", diz ele.

O empresário começou no negócio de batata pré-frita congelada há cinco anos e fornece o produto a restaurantes, lanchonetes e padarias, abastecidos por meio de uma rede de 90 distribuidores. A matéria-prima vem de duas fazendas de Rocheto, em Minas Gerais e em São Paulo. No ano passado, a Bem Brasil faturou R$ 164 milhões e tem 350 funcionários.

Segundo Rocheto, o maior entrave para a empresa concorrer com as fabricantes estrangeiras está no subsídio europeu aos produtores de batata. "No mercado spot [pagamento e entrega à vista] no Brasil, a indústria pagou entre R$ 30 e R$ 40 nos últimos 12 meses por 50 quilos de batata", afirma. "No mercado europeu, a indústria pagou o equivalente a R$ 4, R$ 5, graças aos subsídios recebidos pelos agricultores", diz.

A empresa é dona de uma fábrica em Araxá (MG) e este ano deve concluir um investimento de R$ 50 milhões na expansão da produção, com recursos próprios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com os recursos, que começaram a ser aplicados há dois anos, a sua capacidade de produção está dobrando para 80 mil toneladas ao ano.

Rocheto pretende fazer com que a venda aos supermercados - que hoje representa 20% da sua receita - cresça para 30% dentro de dois anos. "É o segmento com maior potencial", diz o empresário, que também fornece batatas pré-fritas congeladas como marca própria para Sadia (BRF Brasil Foods), Swift (JBS), Aurora e as redes Makro e Carrefour. A marca própria representa atualmente 23% das vendas da Bem Brasil.

O mercado de batatas fritas pré-congeladas é estimado em R$ 800 milhões no Brasil. Para este ano, a expectativa é de um crescimento de 7% nas vendas.



Veículo: Valor Econômico


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