O setor de vestuário não vive um bom momento em Belo Horizonte, alternando bons e maus resultados, segundo avaliação do presidente da Associação dos Lojistas do Hipercentro de Belo Horizonte, Pedro Bacha. Conforme ele, "maio foi um mês positivo, em junho o movimento caiu e julho está ainda pior".
Ele reclama que a indústria não recebe incentivos no país, levando empresários como ele a enfrentarem muitas dificuldades, como leis trabalhistas que protegem demais o empregado e alta carga tributária, entre outros obstáculos. A invasão de produtos chineses, presente também em vários outros segmentos da economia, é outro gargalo enfrentado pelo atividade do vestuário.
Como ocorre em muitos outros setores da economia, o de vestuário também enfrenta a escassez de mão de obra. "Faltam funcionários e a qualidade de muitos empregados não é boa. Falta pessoal qualificado", reclama.
Para Bacha, que ouve diariamente queixa de vários comerciantes associados à entidade que preside, os governos municipal, estadual e federal nada fazem para fomentar o setor. Segundo ele, baixar os juros para o consumidor final nem sempre é um bom negócio para os empresários, porque o consumidor acaba se endividando e ficando com medo de comprar mais.
Bacha relaciona as principais reivindicações dos comerciantes da capital mineira, principalmente do hipercentro. "A segurança é um grande problema, já que acontecem muitos arrombamentos e não há policiamento adequado. Nos meus negócios, ainda não tive problemas desse tipo, mas muitos donos de loja reclamam da falta de segurança na área", afirma.
Segundo ele, a obra de implantação do BRT na avenida Santos Dumont atrapalha tanto os lojistas que alguns estabelecimentos já fecharam as portas por causa dos transtornos. Outros motivos de dor de cabeça para os comerciantes, na avaliação de Bacha, são a Lei do Silêncio e o Código de Posturas, que não são respeitados no hipercentro de Belo Horizonte, além do grande número de bueiros abertos no local que, além de atrapalhar o comércio, podem causar prejuízo à saúde das pessoas.
Aposta errada - O presidente da rede de lojas Cia. do Terno, Pedro Paulo Drummond, concorda com Bacha no que diz respeito à falta de incentivos para o setor de vestuário no Brasil. De acordo com ele, existe um apoio exagerado à indústria, principalmente automotiva e da linha branca, e falta fomento para o comércio, para a população. Na avaliação de Drummond, as autoridades deveriam investir mais no aumento do salário mínimo e da renda, ao invés de apostar tanto nos setores secundários.
Conforme o proprietário da Cia. do Terno, para incentivar o comércio, que é o setor que mais emprega no país, as autoridades deveriam priorizar a população. E, para isso, é necessário, além de elevar o salário mínimo, melhorar a educação, a saúde e o transporte público, setores ainda carentes de recursos.
Drummond afirma que o primeiro semestre deste ano não foi bom para o seu negócio. "Faturamos 10% a menos do que no ano passado", diz o empresário, destacando também a alta carga tributária como um dos gargalos. Ele conta que possui lojas em shoppings e paga mais impostos do que outros comerciantes com o mesmo número de funcionários e a mesma folha salarial.
Ao contrário de Bacha, Drummond assegura que não tem problemas com a falta de mão de obra qualificada. "Até novembro e dezembro do ano passado, enfrentamos dificuldades com pessoal, mas neste semestre melhorou um pouco e estamos com excesso de trabalhadores", diz. Segundo ele, a formação dos empregados não é ruim.
Veiculo: Diário do Comércio - MG