Guarani recebe empréstimo do Tereos e tenta alongar dívidas

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A Açúcar Guarani, a segunda maior produtora de açúcar do Brasil, recebeu empréstimo de US$ 110 milhões (cerca de R$ 254 milhões ao câmbio de R$ 2,31) do seu controlador, o grupo francês Tereos, para equalizar seu capital de giro. Em 30 de setembro, a companhia registrava em seu balanço um saldo negativo de R$ 341,7 milhões entre seu ativo e seu passivo de curto prazo (menos de 12 meses). Entre as principais empresas do agronegócio listadas na BM&F Bovespa, a Açúcar Guarani é a que está com situação mais apertada de capital de giro, segundo levantamento da empresa Economática.

 

O diretor financeiro e de Relação com Investidores, Reynaldo Ferreira Benitez, explica que ainda, no balanço até 30 de setembro, também é preciso considerar que há um outro empréstimo feito pelo Tereos, de 78 milhões de euros, o equivalente a R$ 203 milhões, que foram aportados pelo controlador para que a empresa não precisasse ir até bancos captar o recurso a juros mais altos.

 

Assim, continua ele, desde esse último balanço, foram R$ 428 milhões de empréstimos totais feitos pelo Tereos o que reduz o passivo circulante (com vencimento em 12 meses) em R$ 869 milhões, menor do que o ativo de R$ 955 milhões. "Os empréstimos do grupo são exigíveis, mas podem ser postergados porque está dentro do próprio grupo. Além disso, estamos tentando alongar a dívida de curto prazo da empresa", explica.

 

De acordo com ele, o endividamento de curto prazo gira em torno de R$ 784 milhões, sendo que, uma parte disso foi captado em bancos como capital de giro e também ampliações de unidades. "Os bancos têm mantido linhas para a Guarani. Já estamos conseguindo alongar essa dívida, no entanto, ainda no curto prazo, entre 30 e 90 dias. Se o mercado continuar como está, ou seja, não piorar, conseguiremos alongar essa dívida no longo prazo e, possivelmente, não precisaremos de mais empréstimos para capital de giro" explica do diretor de RI.

 

A equação considera que os estoques contidos nos ativos da companhia (R$ 420,8 milhões) têm liquidez no curto prazo, ou seja, serão vendidos e vão gerar caixa para a companhia. "No caso do setor sucroalcooleiro, moemos entre abril e novembro e, é normal eles aumentarem neste período e, depois reduzirem até o final da safra, em março", justifica Benitez.

 

Entre as empresas listadas no levantamento da Economática, também está com caixa apertado o grupo São Martinho. A empresa tem a receber nos próximos 12 meses (contados a partir de 30 de setembro) R$ 745,2 milhões, valor que cai para R$ 340,1 milhões se forem excluídos os estoques que são de R$ 405,1 milhões. A pagar, a companhia tem neste período compromissos da ordem de R$ 530,3 milhões. A empresa foi procurada para comentar os dados de liquidez de curto prazo, mas não foram encontrados porta-vozes para conceder entrevista.

 

De uma forma geral, segundo Peter Ping Ho, da Planner Corretora, as empresas do agronegócios estão com situação confortável de capital de giro no curto prazo. A que possui uma diferença maior entre ativo e passivo é o grupo JBS, em que esse valor é de R$ 3,89 bilhões, mais da metade do ativo. "Os estoques das empresas de alimentos não são considerados ativos com baixa liquidez, porque alimento sempre tem destinação", explica Ping Ho.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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