Mesmo otimistas em relação ao desempenho das vendas no mês de julho, os empresários mineiros estão mais cautelosos com o resultado de seus negócios e se preparam para dias mais difíceis. Levantamento realizado pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) indica que embora 81% deles tenham tido resultado melhor (51%) ou igual (30%) no mês de junho, em relação a maio, a expectativa para o encerramento de julho não estava tão boa.
A pesquisa Opinião do Comércio Varejista indicou que a metade (50%) dos entrevistados da Fecomércio Minas apostava em, no máximo, repetir o desempenho do mês anterior e 40% em vendas melhores.
Embora resultado sinalize para um quadro ainda bastante otimista, é certo que os empresários estão diante de uma nova realidade que inspira cuidados. "O Brasil está vivendo um momento peculiar, com juros menores e em queda para o crédito, um fato desconhecido pelos empresários. Mas é preciso considerar que o mesmo não aconteceu para as empresas, ao contrário, os juros do capital de giro estão mais altos, subiram 1,20% de junho para julho pelos dados do Ipead", ressalta o economista da Fecomércio, Gabriel de Andrade Ivo.
Em janeiro, os juros do capital de giro em Belo Horizonte estavam em 2,21% ao mês, em maio chegaram a 2,09% e, no mês passado, ficaram em 2,54% segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis (Ipead) da UFMG. "Para o empresário, o capital de giro pesa muito. Isto contribui para que ele fique menos otimista", completa Andrade Ivo.
Por outro lado, o que sustenta a confiança é a constatação de que o emprego está em alta e que o consumidor tem renda para continuar comprando. As análises prospectivas do primeiro semestre indicam que o consumo manterá seu vigor, com o reforço das medidas de estímulo adotadas pelo governo além da queda dos juros, como a redução de impostos de alguns produtos e o crédito acessível.
Ao se levar em conta as vendas de julho de 2012 com as de julho de 2011, o resultado também reforça o otimismo. No somatório apurou-se que 90% acreditavam em vendas melhores ou iguais este ano, contra 86% no ano passado, sendo que apenas 28% apostavam num desempenho melhor em julho de 2011, contra 40% no mês passado.
A pesquisa revelou que 75% dos empresários fecharam o mês de junho com estoques no ponto ideal, acima do apurado no mês anterior, o que aponta o movimento saudável dos negócios, enquanto 16% encerraram o mês com mais mercadorias do que esperavam. Ao adquirirem os produtos que seriam vendidos em julho, 86% dos entrevistados mantiveram o mesmo volume de compras e apenas 8% aumentaram a quantidade, enquanto 6% reduziram.
Em junho, 12,94% dos empresários mantiveram o número de empregados, 2% aumentaram e 5% reduziram suas equipes. Já no mês de julho, a expectativa de 92,95% era de continuar com o mesmo número, enquanto 3% falavam em demissões e o mesmo percentual em contratações.
Veículo: Diário do Comércio - MG