Apesar da manutenção do mercado mais competitivo para o varejo de vestuário no segundo trimestre, com estoques elevados e liquidações prolongadas no setor, a Lojas Renner fechou o período com alta nas vendas, na margem bruta e na geração de caixa em relação ao mesmo período de 2011. Houve desaceleração das vendas em junho por causa do calor fora de época no Sul e no Sudeste. Agora, os meses de julho e agosto já sinalizam um trimestre melhor do que o anterior.
A receita líquida da venda de mercadorias da Renner cresceu 14,1% no trimestre, para R$ 855,2 milhões. O lucro líquido, porém, recuou 8,8% na mesma base de comparação, para R$ 103,5 milhões, pressionado novamente pelo aumento das despesas financeiras e das depreciações.
As vendas feitas em lojas abertas há pelo menos um ano (sem considerar as novas) avançaram 3,4%, ante 4,8% no trimestre imediatamente anterior. Segundo o diretor, 1,1 ponto percentual dessas vendas foi perdido por conta da conclusão de reformas que reduziram o fluxo de clientes em pontos de venda importantes. Também houve desaceleração em junho por conta do calor fora de época no Sul e Sudeste, pois em abril e maio o indicador estava em linha com o primeiro trimestre. Julho e agosto indicam um terceiro trimestre melhor do que o anterior.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Adalberto Santos, as perdas líquidas de recuperações (valor das dívidas não pagas pelos consumidores, descontado o valor que a empresa consegue cobrar e receber) também atingiram neste ano os menores patamares históricos para o segundo trimestre. Nas vendas com o cartão Renner, a inadimplência recuou de 3,9% para 3,5% e na carteira de empréstimos pessoais, de 5,8% para 3,6%.
Conforme Santos, as depreciações passaram de R$ 22,6 milhões para R$ 31,9 milhões. A alta, já verificada no primeiro trimestre, é fruto do ciclo de expansão da Renner, que investiu R$ 86,5 milhões no segundo trimestre, ante R$ 64,3 milhões no mesmo período de 2011.
O resultado financeiro líquido passou de R$ 1,4 milhão positivo para R$ 6,5 milhões negativos, por conta dos custos gerados pela emissão de R$ 300 milhões em debêntures em junho de 2011. De acordo com o executivo, a Renner poderia financiar os investimentos (o orçamento deste ano é de R$ 420 milhões, ente R$ 296,6 milhões em 2011) com recursos próprios, mas optou pela alavancagem para garantir maior retorno aos acionistas.
A margem bruta evoluiu 0,7 ponto percentual, para 54,6%, favorecida pela queda nos preços do algodão, pela maior participação de importados na coleção de inverno e pelo melhor gerenciamento de estoques, disse o diretor. Sem considerar a Camicado Houseware (rede especializada em artigos de cama, mesa e banho e utilidades domésticas adquirida em maio de 2011), a alta seria de 0,9 ponto. Com o avanço da integração, a Camicado já deverá apresentar contribuição positiva até o fim do ano.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) cresceu 6% na comparação com o período de abril a junho do ano passado, para R$ 190,4 milhões, sendo R$ 158,1 milhões provenientes das operações de varejo (alta de 7,1%). Os serviços financeiros contribuíram com R$ 32,2 milhões, ante R$ 32,1 milhões no segundo trimestre de 2011.
Os investimentos no segundo trimestre incluíram a inauguração de mais cinco lojas da Renner (que fechou o semestre com 174 unidades, incluindo três lojas-piloto Blue Steel) e duas da Camicado (que avançou para 33 pontos de venda). No primeiro trimestre já haviam sido abertas uma Renner e uma Camicado. Para este ano, a meta da empresa é abrir 30 pontos da primeira e seis da segunda, desde que os shopping centers disponibilizem as áreas até o mês de novembro, disse Santos.
No fim de agosto a Renner também vai inaugurar um novo centro de distribuição com 50 mil metros quadrados no Rio de Janeiro.
Veículo: Valor Econômico