A Nestlé, maior fabricante de alimentos do mundo, registrou lucro superior ao esperado pelo mercado no primeiro semestre, graças à alta de preços, corte de despesas e fortes vendas nas economias emergentes.
A companhia suíça teve melhor desempenho que os principais concorrentes, apesar da crise econômica global que faz consumidores hesitarem em gastar ou, no mínimo, reduzir suas compras.
Paul Bulcke, CEO da Nestlé, previu que o ambiente comercial ''duro'' vai continuar no segundo semestre, especialmente nos mercados desenvolvidos. Mas espera menos pressão dos custos de matérias-primas.
Entre janeiro e junho, a companhia obteve lucro líquido de 5,1 bilhões de francos (US$ 4,74 bilhões), numa alta de 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O faturamento registrou aumento de 7,5%, atingindo 44,1 bilhões de francos suíços (US$ 40,96 bilhões).
O crescimento orgânico, que ilustra o dinamismo real do grupo, aumentou 6,6%, dos quais 3.7 pontos foram resultado de alta de preços, com o grupo repassando o aumento do custo de matérias-primas para o consumidor. Grande compradora de produtos como leite, cacau e leite, a Nestlé informou que a alta de custo de matérias-primas significou 50 pontos base a mais no custo dos produtos vendidos.
A taxa de crescimento orgânico foi ligeiramente menor que os 7,5% do primeiro trimestre, mas superior aos 5% da concorrente Danone, maior produtor mundial de iogurte.
As vendas nos mercados emergentes continuaram a sustentar o lucro da Nestlé. Foi onde o grupo obteve o melhor desempenho de vendas, com alta de 12,9%, ante apenas 2,6% nos países desenvolvidos. A diretora de finanças do grupo, Wan Ling Martello, falou de "desafios" no mercados dos EUA, que representa 25% do faturamento total, e de "deterioração" na Europa, em contraste com o desempenho muito bom nos emergentes.
Nos Bric - Brasil, Rússia, Índia e China -, o crescimento das vendas foi de 12,1%.
Sem surpresa, Bulcke quer continuar a expansão nos mercados emergentes e em desenvolvimento. A Nestlé recentemente anunciou a abertura de duas novas unidades na África do Sul, outra em Angola e não cessa de crescer na China.
O efeito do aumento de custos de produção foi minimizado pelo programa de corte de gastos. Os custos de distribuição, marketing e administração foram reduzidos no período, com melhora da eficiência, informou a companhia.
O grupo cresceu organicamente em todas as regiões do mundo. Nas Américas, o avanço alcançou 6,4%, enquanto na Europa, 2,6%, e na região que engloba Ásia, Oceania e África, a alta atingiu 12,6%.
O crescimento orgânico na zona Américas foi de 6,6%. Em praticamente todos os segmentos de produtos na América Latina houve alta de dois dígitos, especialmente na venda de chocolate, café e ''pet food'' (alimentos para animais). O Brasil e o México lideraram o desempenho na América do Sul.
O ambiente econômico pesou sobre a margem operacional, de 15%, em recuo de 10 pontos base. A Europa afetou a rentabilidade. Mas, para efeito de comparação, na Danone a margem operacional diminuiu 61 pontos, para 13,85% no primeiro semestre, e permaneceu estável na Unilever em 13,7%.
Veículo: Valor Econômico