A Elanco, divisão de saúde animal da indústria farmacêutica norte-americana Eli Lilly, se prepara para entrar no mercado brasileiro de medicamentos para animais de companhia, com a expectativa de que este segmento passe a representar cerca de 10% de sua receita nos próximos anos. Nesta segunda-feira, a concorrente Zoetis, unidade de saúde animal da Pfizer, entrou nos Estados Unidos com pedido para fazer uma oferta pública inicial de ações ordinárias (IPO, da sigla em inglês) e levantar até US$ 100 milhões.
A Elanco, que trabalha atualmente no mercado brasileiro com medicamentos para aves, suínos e bovinos de leite e corte, conta desde 2007, no mercado norte-americano, com uma linha voltada para animais de companhia, que conta com três produtos. No mercado latino-americano, a companhia se prepara para lançar o Comfort, medicamento anti-pulgas para cães, administrado por via oral, que deverá competir com produtos como o Frontline, da Merial, o Revolution, da Pfizer, o Prac-Tic, da Novartis e o Advantage, da Bayer.
"Há um grande potencial de mercado na América Latina em animais de companhia, pois com a melhora econômica da região, as pessoas passam cada vez mais a olhar o animal de estimação como membro da família e investem mais na saúde deles", afirma o diretor do negócio de animais de companhia da Elanco, Mauri Ronan Moreira.
Segundo ele, o Brasil representa mais da metade do mercado latino-americano de Pets, e os medicamentos serão trazidos para cá através de importação dos EUA e da Europa. O novo produto ainda aguarda aprovação do Ministério da Agricultura para chegar às prateleiras. Num segundo momento, o Trifexis, que combate parasitas internos, além de pulgas e carrapatos, deve compor o portfólio da empresa para animais de companhia .
"A Elanco quer ser umas das líderes de mercado rapidamente, então faremos investimentos compatíveis com esse objetivo", diz o executivo, sem revelar valores absolutos. "O mercado de pequenos animais representa hoje 10% de todo o setor de saúde animal brasileiro, porém ele é o segmento de mercado que mais cresce, quando comparado com outras espécies animais. A expectativa, portanto, é que esse mercado cresça em importância e a Elanco deve acompanhar, no mínimo, a tendência de mercado."
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), medicamentos veterinários representam 5% do faturamento do mercado brasileiro de Pet, que, em 2011, movimentou R$ 18,2 bilhões. Para 2012 a expectativa é que o crescimento do setor seja de 15,5%, segundo a entidade.
Genéricos
Os medicamentos para Pets podem ser o segmento de saúde animal com maior penetração dos genéricos veterinários, previstos em lei sancionada em julho pela presidente Dilma Rousseff (Lei Nº 12.689/2012), devido à obrigatoriedade de testes de resíduos para animais de produção, o que pode tornar os genéricos pouco atrativos para a indústria neste segmento.
"Na área humana, o estudo de bioequivalência substitui os estudos clínicos, que são mais caros. Para produtos veterinários não é possível transpor o beneficio, porque as exigências se equiparam", disse o diretor da Associação de Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Tada, à Agência Brasil.
"Talvez em animais de companhia [a penetração de genéricos] seja mais fácil do que em animais de produção, porque ele não tem junto um pacote [de serviços]. É mais parecido com o medicamento humano, que é só pegar a receita e ir atrás do princípio ativo", acredita o responsável por assuntos corporativos da Elanco, Márcio Pinheiro. Segundo ele, a oferta de serviços agregados deve ser o diferencial das indústrias farmacêuticas tradicionais frente à competição dos genéricos, que terão o preço como principal atrativo para o consumidor.
Veículo: DCI