"Pílula da beleza" atrai mais negócios

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Desde dezembro do ano passado, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda de femproporex e anfepramona no Brasil, drogas inibidoras de apetite que eram prescritas para tratamento da obesidade, incentivou de maneira indireta um outro mercado: o dos nutricosméticos, que prometem controlar peso, sem receita médica.

Segundo as fabricantes, os nutricosméticos, ou "pílulas da beleza", são feitos a partir de alimentos funcionais, ou suplementos, e concentram vitaminas, sais minerais e outras substâncias que contribuem para a saúde. Desde que esse mercado teve início no país, em 2007, seu principal uso esteve vinculado aos cuidados da pele, unhas e cabelos. Seu uso é aprovado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O preço médio de uma caixa é de R$ 100, para 30 dias de tratamento.

Segundo o instituto IMS Health, que audita as vendas do mercado farmacêutico, os nutricosméticos movimentam cerca de R$ 70 milhões ao ano. No primeiro semestre deste ano, o volume de vendas cresceu 63%, para 500 mil caixas. Parte do sucesso pode ter vindo da proibição da Anvisa.

"A tendência de obesidade é crescente e o nutricosmético funciona como um complemento ao tratamento", diz Cinara Oliveira, gerente do laboratório FQM Derma, dono da marca Eximia. O laboratório, que produz a linha Herbarium, de alimentos funcionais, foi fundado há mais de 60 anos, mas só em 2011 entrou em nutricosméticos. A Eximia é a segunda marca mais vendida de nutricosmético, atrás de Innéov, da L'Oréal.

Este ano, a FQM investe R$ 5 milhões em mais dois produtos da linha: um para flacidez e outro para redução de gordura. Nesse último caso, segundo Cinara, o produto é a base de ácidos graxos essenciais e vitamina E. Em 2013, estão previstos outros três novos produtos. "Nossa principal estratégia de vendas está na promoção médica", diz a executiva. "Visitamos 75 mil médicos por mês com uma equipe de 371 propagandistas", diz ela.

Para Marcos Miazzo, gerente de marketing do grupo Althaia, dono da marca de nutricosméticos Equaliv, o mercado de drogas para controle de peso perdeu espaço com as determinações da Anvisa, o que vem gerando demanda para os nutricosméticos. "Os nossos dois produtos que auxiliam na redução de peso, lançados em julho, já vendem mais do que os outros sete itens do portfólio juntos", diz. O lançamento da linha Equaliv em 2011 consumiu investimentos de mais de R$ 10 milhões do grupo Althaia, controlado por Jairo Yamamoto, ex-presidente do laboratório Medley. A meta é que a Equaliv responda por vendas de até R$ 100 milhões em quatro anos.

O apelo de redução de peso foi a aposta da Integralmédica para a linha Nutricé, lançada no fim de 2009. Hoje, a marca responde por 10% do faturamento da empresa, fundada há 29 anos. "Investimos em um segmento pouco explorado na época e agora estamos injetando R$ 2 milhões na expansão da linha para nutrição capilar, redução da retenção de líquidos e combate ao envelhecimento precoce da pele", diz Fernanda Conejo, diretora de marketing da Integralmédica. A expectativa é de vendas 50% maiores este ano.

O nutricosmético usado no controle de peso também é o carro chefe da linha Rennovee, da Nutrilatina. "É um produto convergente com os nossos negócios", diz o diretor superintendente da Nutrilatina, Marcello Lauer. A empresa tem como principal produto o Diet Shake, composto usado como substituto de refeições em dietas.

A Nutrilatina acaba de investir em uma nova linha de cápsulas que deve triplicar a capacidade de produção de Rennovee. "Vamos dar início à venda dos nutricosméticos em mais sete países da América Latina", diz Lauer. A meta do executivo é fazer com que a distribuição do produto, hoje em 5 mil farmácias, atinja 13 mil em 2013.

Dois grandes players internacionais - a Inneóv, da L'Oréal, e a Imedeen, da Pfizer - têm o Brasil como o seu maior mercado de nutricosméticos no mundo. Mas nenhum deles aposta em pílulas para redução de peso. "Nosso crescimento tem sido puxado pela indicação cada vez maior dos dermatologistas, que atestam os resultados de Inneóv", diz a diretora da marca, Júlia Seve. Inneóv é líder absoluta de mercado e chega a mais de 15 mil farmácias. Além disso, visita cerca de 5 mil dermatologistas pelo menos uma vez por mês.

Sydney Rebello, diretor de marketing de Pfizer Consumer Healthcare, que comprou a marca Imedeen em 2011, considera o mercado de controle de peso controverso. "Nossa especialidade são os produtos anti-idade, para cabelo e pele", diz ele, que lança em setembro campanha de mídia com a consumidora brasileira que participou de um concurso mundial da marca. Segundo a Euromonitor, os nutricosméticos integram o mercado de suplementos alimentares que, cresceu 22% em 2011, para US$ 517 milhões no Brasil. No mundo, movimentou US$ 45,6 bilhões.



Veículo: Valor Econômico


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