A reincidência de casos da gripe suína em Minas Gerais nos últimos dois meses, provocada pela disseminação do vírus Influenza A (H1N1), já impacta a indústria de produção de álcool em gel, usado para assepsia das mãos. A Start Química Produtos de Limpeza Ltda, com sede em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, dobrou a fabricação do produto desde junho. Já a W.A. Produtos de Limpeza S/A, de Belo Horizonte, sente a concorrência com o álcool líqüido, que ainda é ofertado a preços mais baratos no mercado.
Segundo o último balanço da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, vinte e duas pessoas morreram por causa da doença neste ano no Estado e outros 53 casos foram confirmados. A infecção viral aguda afeta o sistema respiratório e tem elevada transmissibilidade, que ocorre por meio de secreção das vias respiratórias da pessoa contaminada ao falar, tossir, espirrar ou pelas mãos. Para ajudar na prevenção da contaminação pelo vírus, é recomendado o uso de álcool em gel para assepsia das mãos. O produto é oferecido em empresas e escolas, já que os espaços fechados favorecem e potencializam a contaminação por várias doenças.
O frasco de álcool gel é comercializado por R$ 2,50 a R$ 7 o litro, e pode ser encontrado em farmácias e supermercados. De acordo com o proprietário da Start Química, Fábio Pergher, a fabricação do produto dobrou nos últimos dois meses por causa da forte demanda. A empresa é responsável pela produção do álcool em gel com a marca Asseptgel. "Desde a pandemia de 2009, estamos preparados para o crescimento da demanda por este produto. Temos condição de aumentar a capacidade produtiva, já que todos os nossos equipamentos estavam superdimensionados", revela.
A Start Química fabrica sete milhões de litros por mês, de 1,5 mil tipos de produtos. Pergher não quis informar quanto de álcool é produzido pela empresa, que funciona com 70% da capacidade. "Este produto não é tão significante no total da empresa e deve representar 0,5% da produção". Porém, segundo ele, já no mês de setembro é esperada uma redução na demanda. "As pessoas ainda não entenderam que este é um produto essencial para evitar infecção por qualquer tipo de doença e não criaram a cultura de sempre tê-lo disponível em casa", alerta.
A fábrica de 50 mil metros quadrados conta com 500 funcionários. A empresa vende em todo o território nacional, sendo que Minas representa 17% dos negócios atualmente. O sistema de logística é realizado com 25 caminhões e parceria com outras companhias. As exportações para países como Estados Unidos, Angola, África do Sul, Porto Rico e Itália correspondem a 5% do faturamento. Para este ano, a expectativa é de um crescimento menos acelerado. "Devemos alcançar aumento de 18% nos ganhos, um pouco abaixo da média de 25% registrada nos outros anos", diz.
A W.A. Produtos de Limpeza, com sede na capital mineira, é responsável pela produção de quatro mil litros de álcool em gel por mês, com a marca Prin. Segundo a proprietária, Inês da Costa Pereira, não houve um aumento significativo da demanda do produto neste ano. "Em 2009, durante a epidemia da gripe suína, chegamos a produzir sete mil litros por dia. Hoje, não estoco mais o álcool em gel, só produzo sob demanda", alega.
Estagnação - Para Inês Pereira, um dos problemas encontrados para a estagnação da demanda é a concorrência com o álcool líqüido, ainda encontrado nas prateleiras de supermercados e farmácias, e que tem um preço mais baixo que a versão em gel. "O álcool em gel é muito mais difícil de ser fabricado, além de ter produtos umectantes para não deixar a mão ressecada. Com 30% do produto de água, ele é infinitamente mais seguro que a versão líquida, por não ter o fator explosivo. O problema é que a competição é injusta, já que as empresas que produzem álcool líqüido são de grande porte e forçam a entrada no mercado. Esta versão é inviável de ser produzida por pequenas e médias companhias", aponta.
A fábrica de 980 mil metros quadrados funciona com 70% da capacidade e tem 14 funcionários. São mais de 40 mil litros produzidos por mês, de mais de 98 produtos. A W.A. Produtos de Limpeza vende para distribuidores, revendedores e poucos supermercados, principalmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Em 2011, faturou R$ 180 mil e a expectativa é de crescimento de 8% até o final do ano. De acordo com Pereira, o grande gargalo do mercado é a dificuldade do mineiro em experimentar novos produtos e marcas. "Nossa mercadoria não perde em qualidade para nenhuma outra, mas o mineiro ainda é reticente em pegar um produto de R$ 2 na prateleira", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG