Os investimentos em infraestrutura anunciados pela presidente Dilma Rousseff - que prevê a injeção de R$ 133 bilhões em 25 anos, com o montante de R$ 80 bilhões até 2018 para ampliar rodovias e ferrovias - fez com que representantes do varejo mostrassem mais otimismo em relação ao futuro. Afinal, é possível vislumbrar novos nichos de atuação, em regiões ainda pouco exploradas pelos players do setor.
Ontem, a presidente da rede varejista Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, afirmou durante um evento do setor que a melhoria da logística no Brasil afetará positivamente as operações do varejo. "Participamos ativamente deste pleito [de investimentos em infraestrutura] junto ao governo. Acredito que isso será benéfico ao varejo", disse ela.
A empresária, que é proprietária de mais de 700 lojas, em 16 estados brasileiros, acredita também que com a participação do setor privado nesses investimentos, as obras não terão chances de ter atrasos. "Isso é possível e deve ser acompanhado diariamente", afirma. Além da expectativa positiva com as medidas de incentivo para área de logística, Luiza Helena ressaltou a nova proposta a ser debatida com o governo: a redução do Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI) para lavadoras de roupas. "Isso precisa ser revisto pelo governo, a diferença entre os produtos é grande. Enquanto o fogão tem 5% de IPI, as máquinas têm 20%."
Para a empresária, ambas as medidas serão fatores decisivos para um maior crescimento do varejo em 2013. "Com tudo isso, o varejo voltará a ter momentos melhores em 2013."
Na opinião do economista Gilberto Braga, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), todos os setores do varejo, sem exceção, serão privilegiados com a iniciativa do governo. E isso reduzirá os custos com logística, um dos desembolsos mais caros dentre as operações do setor. "A infraestrutura sempre foi um gargalo no País e as medidas devem influenciar positivamente as empresas. Elas terão redução significativa dos custos com logística, ela será mais efetiva e barata" explica.
O especialista afirma que é cedo para prever o quanto as medidas serão benéficas à economia, pois ainda existe a expectativa quanto aos anúncios para os portos e para os aeroportos. "O governo anunciou apenas as iniciativas para rodovias e ferrovias. Assim que o resto do pacote sair, ainda levará um ano para sabermos quais serão os efeitos", disse.
Resultados
Enquanto os planos da iniciativa privada começam a ser desenhados, os resultados vistos no comércio varejista na Grande São Paulo têm sido favoráveis. A região faturou R$ 13,3 bilhões em junho, conforme apontou uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).
O montante é R$ 1,13 bilhão superior ao registrado no mesmo mês de 2011 e representa um aumento de 9,3%. Ao longo do primeiro semestre, o comércio acumulou alta de 5,2% com relação ao mesmo período de 2011. Nesta mesma época, em 2011, o aumento com relação ao ano anterior era de 3,3%. Segundo nota divulgada ontem pela entidade, isso "demonstra que a esperada desaceleração do consumo ainda não se manifestou".
De acordo com a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), realizada em parceria da Fecomércio-SP e com a e-Bit, quase 63% do faturamento adicional registrado em junho se deve ao desempenho dos setores de Comércio Automotivo e Supermercados, que faturaram R$ 393,8 milhões e R$ 318,4 milhões a mais do que em junho de 2011, respectivamente.
A assessoria técnica da Fecomércio-SP atribuiu o resultado, em parte, às medidas de estímulo fiscal concedidas pelo governo a alguns segmentos. Outros pontos ressaltados são o alto nível de ocupação da população, o incremento na massa real de rendimento dos trabalhadores na região metropolitana e a expansão do crédito. A perspectiva da Federação é de que, até o fim do ano, o tripé que engloba renda, crédito e estímulos deve continuara impulsionar o consumo.
Dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o setor teve desaceleração de 0,80% em maio, mas em junho houve leve recuperação e o índice de vendas cresceu 1,50%. A entidade tem-se mostrado pessimista com o desempenho das varejistas no primeiro semestre, mas na opinião do economista Thiago Carlos, da Link Investimentos, os altos e baixos do setor são pontuais.
Ainda com a experiência do especialista o varejo continuará a ter crescimento robusto ao longo deste ano. "O importante é que os sinais de desaceleração não se confirmaram para o varejo restrito [que não inclui as atividades de Veículos, Motos, Partes e Peças e de Material de Construção] como se esperava. O consumo continua crescendo e se mantém robusto", afirma Carlos.
Veículo: DCI