Com receio de chuva, produtores agilizam processo que, até 9/8, abrangia 73% da safra.
A estiagem observada ao longo de julho e início de agosto, nas principais regiões produtoras de café de Minas Gerais, está favorecendo a colheita do grão. De acordo com os dados apurados pela consultoria Safras & Mercado, no Estado, os serviços até 9 de agosto já abrangiam 73% da safra estimada para 2012, frente ao percentual de 65% observado na semana anterior. A expectativa é encerrar o processo até final de setembro.
Segundo o analista da Safras & Mercado, Diogo Metzdoff, mesmo com a melhora no ritmo, a colheita em Minas Gerais segue atrasada. O principal fator que impactou foram as chuvas intensas que atingiram os cafezais ao longo de junho, período de pico do processo em anos anteriores.
Com a estiagem em julho e início de agosto, cafeicultores de todo o Estado aceleraram a colheita com receio de novas precipitações. No início de agosto de 2011, a colheita da safra de café já abrangia 83% dos cafezais. Na semana anterior, respondia por 65% da safra mineira.
A expectativa da consultoria é que Minas produza na safra 2012/13 cerca de 28,3 milhões de sacas de 60 quilos. Cerca de 20,7 milhões de sacas já foram colhidas
"Os cafeicultores estão priorizando a colheita dos grãos que ainda estão nos pés. Este processo é mais rápido que o de varrição dos cafezais, que ocorrerá no final da safra. Este ano, grande volume de café está no chão, o que irá adiar o encerramento da safra e comprometer, significativamente, a oferta de cafés especiais", disse Metzdoff.
No Estado, a colheita está mais adiantada na região da Zona da Mata, onde 86% da safra estimada em 7 milhões de toneladas já foram colhidas. Em igual intervalo da safra passada, o índice de conclusão do processo era de 88%.
Nas regiões Sul e Oeste, o processo já abrangeu 70% das 15,3 milhões de sacas estimadas para a safra 2012/13. O volume está bem abaixo do registrado no período produtivo passado, quando a colheita atingiu 84%.
O maior atraso no ritmo de colheita foi observado no Cerrado. De acordo com a Safras & Mercado, apenas 67% da safra já haviam sido colhidos até 9 de agosto, enquanto no mesmo intervalo do período produtivo anterior os trabalhos envolviam 84% do volume.
O ritmo mais lento de colheita também foi observado nos demais estados produtores de café. De acordo com os dados da consultoria, a colheita de café da safra brasileira 2012/13 abrangeu 80% até 9 de agosto. O processo está atrasado em relação a igual período do ano passado, quando 88% da safra 2011/12 estava colhida. Na semana anterior, a colheita estava em 73%.
Tomando por base a estimativa da Safras & Mercado para a produção de café no Brasil em 2012/13, de 54,9 milhões de sacas de 60 quilos, é apontado que foram colhidas 43,75 milhões de sacas até 9 de agosto.
Retenção - Com o atraso na colheita e o comprometimento da qualidade, as cooperativas e associações estão segurando a safra para avaliar os impactos da chuva. De acordo com Metzdoff, a retenção do café também tem como objetivo segurar os preços do grão em patamares rentáveis.
Os dados da consultoria mostram que, em meados de julho, quando a colheita ainda estava no início, a cotação do grão subiu significativamente, atingindo R$ 430 por saca de 60 quilos, no Sul de Minas, que é a principal região produtora do Estado.
Com o avanço do processo de colheita, tanto vendedores como compradores reduziram o ritmo de negócios à espera de uma melhor definição da safra. Com o mercado fraco, os preços atuais da saca voltaram a cair, chegando a R$ 380 por saca de 60 quilos.
"O mercado está á espera da definição sobre a qualidade do café. Mas a tendência é que ocorra redução no volume de cafés especiais, o que irá contribuir para a sustentação dos preços e para a valorização do café de menor qualidades", disse Metzdoff.
Veículo: Diário do Comércio - MG