Meta ambiciosa para o café conilon capixaba

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A Secretaria de agricultura do Espírito Santo, maior produtor nacional de café robusta, também conhecido como conilon, tem uma meta ousada a perseguir. O plano é que em seis anos 30% da produção do grão desta espécie seja de cereja descascado, um sistema meio-termo entre os cafés naturais e lavados, que proporciona qualidade aos grãos.

Hoje, apenas um percentual pequeno da safra é de cereja descascado - em torno de 15 mil sacas de 40 produtores, em um universo de cerca de 40 mil propriedades rurais dedicadas à cafeicultura no Estado. A produção estadual de conilon deve bater um novo recorde no atual ciclo (2012/13), com mais de 99% da colheita concluída. Último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para 9,4 milhões de sacas, ante 8,49 milhões da temporada passada. Mas a secretaria acredita que a produção chegará a entre 9,7 milhões e 9,8 milhões de sacas.

O conilon cereja descascado, também classificado como "especial", consegue prêmios por ter qualidade superior. O café comum dessa espécie é comercializado atualmente por cerca de R$ 270 a saca e o descascado vale 40,7 % mais, ou R$ 380. O investimento com equipamentos é maior, mas com o tempo a tendência é o custo diminuir. Na avaliação de Enio Bergoli, secretário de Agricultura do Estado, pode ficar até menor que o do produto tradicional.

Os primeiros embarques de conilon cereja descascado ocorreram em maio deste ano, para a Rússia.

A preocupação com a qualidade do café robusta é vista também na pesquisa. Entre 2013 e 2014 devem ser lançados os primeiros clones de conilon com características de aroma e sabor, mais comuns aos grãos arábicas.

A demanda por café conilon vem crescendo nos últimos anos, principalmente para a composição de blends do produto industrializado. Estimativas apontam que o conilon represente hoje 45% do consumo total de café no Brasil ante 20% há 20 anos.

A melhor qualidade do produto brasileiro também já vem sendo reconhecida pelo mercado internacional, com a participação em rodadas de negócios e feiras do setor. Recentemente, durante uma rodada de degustadores de torrefadoras de cafés especiais na Coreia do Sul, todas as amostras brasileiras (dez de quatro municípios capixabas) foram aprovadas, o que deverá render futuros negócios, embora o volume produzido seja ainda pequeno.

O reconhecimento da qualidade do produto deve animar os produtores a investir em qualidade, segundo Bergoli. O maior gargalo no momento é criar volume, na percepção de Arthur Fiorott, diretor de marketing da empresa Conilon Brasil. "Falta os produtores acreditarem, o mercado está se abrindo ao produto, mas acredito que os produtores vão perceber isso e vão ganhar dinheiro", afirma.

Fiorott considera que a demanda pelo conilon cereja descascado aumenta em países emergentes como Coreia do Sul, Índia e Rússia, principalmente para inclusão em blends para café espresso. Uma ideia ainda embrionária é fazer uma campanha de marketing do conilon especial durante a Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil



Veículo: Valor Econômico


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