A redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os eletrodomésticos de linha branca (fogão, geladeira, máquina de lavar e tanquinho) deve terminar no fim deste mês. Apesar dos constantes apelos recebidos, o governo federal ainda não demonstra interesse em prorrogar a medida, em vigor desde dezembro do ano passado, pela terceira vez consecutiva. Em tempos de incertezas na economia mundial, representantes do varejo e da indústria mineira afirmam que o benefício ajudou a alavancar as vendas e a produção dos itens contemplados em até 10% e 36%, respectivamente, ao longo dos sete primeiros meses do exercício.
Na Eletrozema, rede que integra 355 lojas e tem sede em Araxá (Alto Paranaíba), as vendas dos eletrodomésticos beneficiados pela isenção cresceram, entre janeiro e julho, 10% na comparação com idêntico intervalo de 2011. O subdiretor comercial da empresa, Juliano Antônio de Oliveira, ressalta que as comercializações dos itens de linha branca foram estratégicas, uma vez que evitaram que o setor de eletrodomésticos registrasse prejuízos no período. De maneira geral, as vendas do segmento, nos sete primeiros meses de 2012, foram iguais às do ano passado.
Com o objetivo de manter as vendas aquecidas pelo menos até o fim deste mês, Oliveira revela que a rede investiu R$ 500 mil em estratégias de marketing. O montante inclui anúncios em mídia impressa e eletrônica, decoração interna das lojas e vitrines atrativas. " necessário reforçar com o cliente que esta pode ser a última chance de ele conseguir comprar, ainda neste ano, eletrodomésticos com descontos expressivos", afirma. Vale lembrar que as reduções nos preços das geladeiras, máquinas de lavar e tanquinhos foram de 10% e dos fogões, de 4%.
Já a rede Eletrosom espera que os últimos dias de IPI reduzido ajudem a empresa a concluir o mês de agosto com incremento de até 10% nas vendas dos produtos de linha branca, em relação ao mesmo mês de 2011. Segundo o diretor de Compras, Vicente Paulo Andrade, entre janeiro e julho deste ano o volume de vendas foi idêntico ao da mesma época do ano passado. "Mas, se não fosse pelo IPI, estimo que teríamos fechado o período com retração de 5%", prevê.
Andrade defende a extensão do benefício até pelo menos o fim do ano. De acordo com ele, a medida surtiria mais efeito caso fosse aplicada no segundo semestre. Isso porque a segunda metade do ano é tradicionalmente mais favorável ao consumo, devido a fatores como aproximação do Natal e o recebimento do 13º salário. No primeiro semestre, grande parte das famílias está com o orçamento comprometido, em decorrência de despesas típicas de início de ano, como compras de Natal, férias e material escolar.
Porém, caso o posicionamento do governo seja mantido, o diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas), Mário Rodrigues, dá algumas orientações para quem deseja manter os negócios em alta, mesmo com o provável aumento dos preços. " necessário ter em mente que não só o preço que faz com que o cliente opte pela compra", declara. Para ele, o comércio deve investir mais em uma equipe qualificada de vendas, capaz de identificar a verdadeira necessidade de consumo do cliente.
Dados da última Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que o comércio mineiro registrou, em junho, crescimento de 2,8% no volume de vendas, frente a maio. Conforme Rodrigues, este e outros resultados mostram que é possível atravessar períodos de instabilidade econômica sem perder o ritmo de vendas. Mas ele ressalta a importância de estar sempre atento às movimentações do mercado e buscar alternativas para evitar que o consumidor se afaste.
Veículo: Diário do Comércio - MG