Aumento da oferta fez preço ficar abaixo do custo nos sete primeiros meses do ano.
O aumento da oferta de produtos cítricos no mercado brasileiro tem prejudicado a rentabilidade dos fruticultores do Norte de Minas. De acordo com dados da Associação dos Produtores de Limão, Manga e outras Frutas do Jaíba (Aslim), os preços pagos pelo limão se mantiveram abaixo do custo de produção ao longo dos primeiros sete meses do ano. A expectativa é que ocorra valorização do fruto nos próximos meses, período de entressafra.
Segundo o presidente da Aslim, Randolfo Diniz Rabelo, a queda nos preços tem comprometido a rentabilidade dos produtores de limão. O aumento da oferta da fruta no mercado se deu pelo incremento significativo da produção de laranja em São Paulo, pela crise econômica na Europa e pelas restrições dos Estados Unidos ao produto brasileiro, por causa do uso de um agrotóxico proibido naquele país, o Carbendazim. Esses fatores fizeram com que parte da produção, que antes era destinada ao exterior, ficasse no mercado interno, derrubando os preços da fruta.
"Estamos vivendo um ano crítico, onde a demanda é inferior à produção, o que tem contribuído para a queda dos preços. Nossa expectativa é de que, ao longo dos próximos meses, período de entressafra da laranja e do limão, a atividade volte a ficar lucrativa", disse Rabelo.
Para o produtor e sócio da Aslim Darcy da Silveira Glória, a queda nos preços não era esperada, já que a demanda nos últimos anos se manteve elevada. Ao longo dos primeiros sete meses de 2012, parte da produção de limão foi descartada por não ter mercado comprador.
"Ao longo dos últimos anos conseguimos manter os preços do limão em níveis que, na média anual, eram rentáveis. A comercialização do fruto acontecia com empresas produtoras de polpa, principalmente de São Paulo, que durante a entressafra da laranja compravam o limão do Norte de Minas para manter o abastecimento do mercado internacional. Com a restrição nos Estados Unidos e a crise na Europa, esse produto ficou sem mercado, e parte precisou ser descartada", diz Silveira.
Segundo os dados da Aslim, ao longo do ano os preços pagos pelo limão chegaram ao mínimo de R$ 4 por caixa de 20 quilos. O custo de produção do mesmo volume gira em torno de R$ 5 a R$ 7, dependendo da tecnologia e dos tratos aplicados. "O acúmulo de prejuízos é grande, uma vez que, na maior parte do ano, trabalhamos abaixo dos custos de produção", disse Rabelo.
Entressafra - Com o início da entressafra, os preços pagos pelo limão voltaram a subir. De acordo com Silveira, os negócios fechados durante agosto tiveram preços variando entre R$ 10 e R$ 12 por caixa de 20 quilos, valor que é suficiente para cobrir os custos e gerar lucro.
"Nossa expectativa é de que até dezembro os preços do limão se mantenham firmes. Isso será fundamental para que os fruticultores mantenham os investimentos nos pomares, para ampliar a qualidade da fruta e poder exportar", disse Silveira.
Produtores melhoram qualidade para exportar
Visando o mercado europeu, os produtores mineiros estão investindo na ampliação da produção de limão. Somente na região do Jaíba, a produção anual é de 60 mil toneladas, em uma área média de 3,5 mil hectares. Segundo dados da Associação de Produtores de Limão, Manga e outras Frutas do Jaíba (Aslim), nos próximos dois anos a cultura deverá ocupar uma área de 5 mil hectares, o que representará um aumento de 42%.
"Os fruticultores estão investindo na melhoria da qualidade. Hoje, apenas 25% dos limões produzidos na região do Jaíba estão dentro do padrão de exportação. Para que a atividade gere lucro considerável, é preciso que o índice seja ampliado para 50%", explica o produtor e sócio da Aslim Darcy da Silveira Glória.
A demanda pelo limão mineiro é crescente. Semanalmente, são exportados cerca de 20 contêineres com 24 toneladas da fruta. O principal destino é a Europa. Os preços altos praticados nas negociações com o exterior servem de estímulo para que os fruticultores mantenham os aportes na ampliação da qualidade. Em períodos de alta demanda, a caixa de 4,5 quilos de limão chega a ser negociada a 13 euros. Atualmente, pelo aumento da oferta, a caixa é negociada a 6 euros. (MV)
Veículo: Diário do Comércio - MG