Um shopping para o pequeno varejo

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O Mais Shopping, instalado na região do Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, começa a mostrar os frutos do seu novo modelo de negócio, baseado no conceito de "lojas modulares". Cerca de dois anos após sua inauguração, o empreendimento prevê expansão de 12% até o final desse ano. Formado em sua maioria por pontos de venda de tamanho reduzido, que orbitam lojas de formato convencionais e lojas-satélite, o modelo de shopping modular, de acordo com Marco Antônio Ferreira, superintendente do Mais, traz oportunidades para os pequenos empreendedores que "sonham virar 'patrões' deles mesmos".

Esse formato proposto pelo Mais é caracterizado pela ausência de teto. Assim, o empreendedor consegue aproveitar a iluminação e o ar-condicionado do próprio shopping center, que também fornece um modelo de vitrine pronto. "O lojista só entra com layout de mobiliário e a mercadoria. Com isso, os custos de instalação têm redução de 60%, em média, comparado a um shopping convencional", disse Ferreira. 

Pequenos empreendedores com uma boa proposta de negócio recebem apoio do Mais na montagem da loja e no pós-montagem, com a possibilidade de o lojista obter auxílio profissionalizante adequado a esse perfil de negócio. O auxílio é possibilitado por meio de um convênio entre o shopping e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

"Isso acaba por gerar uma sinergia com as grandes lojas de rede (o mix inclui Magazine Luiza e Burger King, por exemplo, além de oito salas de cinema da rede Cinépolis), e incentiva os pequenos a melhorarem sua operação cada vez mais, alavancando a abertura de unidades em outros lugares", explicou Ferreira. Como exemplo desse processo, o superintendente do Mais Shopping cita a Eloy Modas, que abriu a primeira loja no Mais; o outlet de suplementos alimentares Nutrium, e a loja de calçados Baillarina, que inauguraram duas unidades em outros locais após iniciarem operações no shopping. Entre negócios convencionais e de grandes redes, o Mais Shopping tem hoje 400 lojas – a grande maioria  estruturada nos formatos modulares.

As expectativas para quem pretende empreender no Mais Shopping são promissoras. Sua localização é garantia de fluxo contínuo de público. O estabelecimento está próximo a estações de metrô, ao Terminal Santo Amaro, ao Poupatempo e à faculdade Uninove. O empreendimento recebe, por dia, 42 mil pessoas, segundo a REP Centros Comerciais, administradora do shopping.   Esse é um um exemplo de como o varejo procura se adequar cada vez mais à nova classe média do País.

Classe C – O aumento da renda da nova classe C tem feito desse público um importante filão a ser explorado pelos empreendedores.

No primeiro ano do Mais Shopping esse consumidor emergente foi responsável pelo crescimento de 10% do empreendimento. E a expectativa do superintendente do shopping é que nesse segundo ano esse público faça o Mais crescer 12% sobre o resultado do ano passado.

Consumidores em busca do 'luxo popular brasileiro'

Baseado no formato do Shopping Total de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul – que está consolidado há nove anos –, o Mais Shopping foi criado para que o pequeno empreendedor do varejo paulistano colocasse sua loja em um shopping, mas com um formato eficiente. "Ele é realmente voltado para a nova classe C, ou classe 'Mais', como preferimos dizer. Por isso a necessidade de colocá-lo em um local onde, geograficamente, grande parte desse público se encontra. Esse é o caso da região do Largo 13 de Maio (na zona sul da Capital), onde o Mais está localizado", disse Odivaldo Silva, diretor de desenvolvimento de operações da REP Centros Comerciais, administradora do estabelecimento.

Porém, mesmo dando sinais de ser um modelo de sucesso em São Paulo, por conta dos bons resultados, o formato de lojas modulares do Mais Shopping ainda não se expandiu na região. A resposta, segundo Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&BW (unidade da GS&MD Gouvêa de Souza especializada em shopping centers), está na indústria do setor, que ainda está aprendendo a lidar com o novo público. "Falta tatear o ambiente e o conceito 'mais por menos', que oferece produtos de qualidade por preços mais acessíveis que a média", disse.

Há seis anos, segundo ele, 79% dos frequentadores desses centros comerciais pertenciam às classes A e B (dados da Associação Brasileira de Shopping Centers), mas isso mudou. "A classe média cresceu não só em tamanho, mas em poder aquisitivo. E só agora os shoppings estão despertando para essa nova realidade", explicou. "Sem contar que esse modelo popular não é unanimidade em todos os mercados. Falta criar um efeito 'Joãozinho Trinta', com equilíbrio preciso entre o popular, o aspiracional e o bom gosto para atender a esse público que gosta de luxo – mas aquele 'luxo popular brasileiro", ressaltou Marinho.

O formato modular, que se consolidou no Sul do País, ainda não teve aderência maior em São Paulo porque o mercado está se acostumando com ele. Segundo Marinho, haverá várias tentativas de desenvolver um modelo adequado à nova classe média, e esse não é o único. "Ainda há quem aposte que a classe C vai querer frequentar um shopping na mesma linha dos que já existem, mas discordo: ela seguirá um caminho mais adequado ao gosto dela", indicou o sócio-diretor da GS&BW.

Os shoppings estruturados nos padrões já existentes, segundo Marinho, não atendem plenamente aos desejos dessa classe ascendente – à exceção do Taboão e o Tatuapé, por exemplo, que oferecem marcas importantes no mix, mas não são excludentes nem luxuosos em demasia. "Ainda há muitas experiências por vir", afirmou.



Veículo: Diário do Comércio - SP


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