Reckitt passa o Brasil a limpo

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Há dois anos no País, o executivo Frederic Morlie está mudando a subsidiária brasileira da empresa britânica de higiene e limpeza, com o lançamento de produtos e a construção de fábricas.



Filho de belga com francesa, Frederic Morlie está acostumado ao multiculturalismo. Estudou e começou a trabalhar na Bélgica, onde assumiu em 1996 a posição de gestor de marcas da subsidiária local da britânica Reckitt Benckiser, fabricante de produtos de limpeza doméstica e higiene como o tira-manchas Vanish, o inseticida SBP e o Bom Ar. Desde então, fazer e desfazer malas, adaptar-se a novas culturas, aprender línguas estrangeiras e ocupar escritórios diferentes da empresa virou uma atividade constante para ele. O executivo trabalhou nas operações da empresa em Milão, Slough – cidade próxima a Londres onde fica a sede da Reckitt – Jacarta, Seul, Cingapura e Viena.
 
Não pôde permanecer por mais de dois anos em nenhuma delas, antes de ser convocado para outra parte do globo. Agora, ele está batendo o seu recorde de permanência no mesmo lugar, como presidente da Reckitt no Brasil há dois anos e meio. O bem-humorado executivo já se expressa com poucos escorregões no português, já não encontra dificuldade para pronunciar o nome do principal produto da empresa no País, a linha de limpadores Veja – que acaba de ganhar uma versão em pano umedecido. “No começo é sempre um pouco difícil, mas estou bem adaptado ao Brasil”, afirma Morlie. Está mesmo. “Na Ásia, ninguém se toca, e aqui no Brasil, inclusive as pessoas que não se conhecem se cumprimentam com abraços”, diz, enquanto se levanta para imitar as nossas saudações mais efusivas.
 
Mas não pense que ele veio parar nos trópicos para uma temporada de muitos salamaleques. A subsidiária da Reckitt vive um momento de grandes transformações, começando pelo tamanho do negócio. No fim de 2012, a empresa terá aumentado o seu faturamento local em 50%, em relação à sua chegada, em 2010. A companhia não divulga números do Brasil, mas a estimativa do mercado é que o País contribua com cerca de US$ 1 bilhão para o faturamento mundial de US$ 15 bilhões. “Neste ano, vamos ser a terceira maior operação do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Inglaterra”, diz. Há dois anos, o Brasil ocupava a oitava posição entre os cerca de 200 países nos quais a empresa vende seus produtos.
 
Esses resultados não passam despercebidos da direção mundial, que é encabeçada desde setembro de 2011 pelo indiano Rakesh Kapoor. Com isso, os investimentos estão chegando. A Reckitt vai construir uma nova fábrica, que deverá estar pronta em 2014, com investimentos de R$ 40 milhões. A cidade escolhida foi Itapetininga, distante quase 150 quilômetros de sua única unidade industrial no Brasil, localizada à beira da rodovia Raposo Tavares, na capital paulista. “Só não começamos a construir ainda porque vamos montar uma fábrica verde, baseada em uma série de estudos ambientais”, diz Ricardo Monteiro, diretor de mídia da Reckitt.
 
A fábrica nova ainda nem saiu do chão e a diretoria da empresa já começa a considerar um novo lugar para fincar a sua bandeira. Desta vez, o alvo é um Estado fora do eixo Rio-São Paulo. A região Nordeste desponta como favorita. Decisões desse tipo serão mais fáceis de ser tomadas. Isso porque desde agosto o comando dos negócios do grupo na América Latina, que estava baseado em Miami, voltou para São Paulo, de onde saíra no começo dos anos 2000. Outro sinal do aumento dos investimentos da empresa pode ser visto no ranking dos maiores anunciantes do País. De 2004 para 2011, a Reckitt passou de uma modesta 80a posição ao 6º lugar, à frente da americana P&G.
 
Apenas no período 2010-2012, a verba para campanhas publicitárias dobrou para R$ 430 milhões, segundo o Ibope Monitor. Esses investimentos não devem diminuir no futuro próximo. É que a Reckitt começou a vender medicamentos comercializados sem receita médica, conhecidos pela sigla OTC. “Queremos diversificar a nossa receita”, afirma Morlie. “Essa divisão representa 25% dos negócios globais, mas aqui é menos de 5%.” Os dois primeiros já chegaram às farmácias: o antiácido Gaviscon e o remédio para garganta Strepsils. “Queremos ter cinco marcas fortes de OTC em até três anos”, afirma. “Nessa área, demora mais para conseguir aprovação governamental de venda e ganhar reconhecimento de marca no mercado.”



Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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