Movimento resulta em aumento do custo de vida, com maior consumo de energia elétrica
O abrupto movimento de ascensão social vivido na última década pelo país, com a entrada na classe média de aproximadamente 35 milhões de brasileiros, ampliou o número de pessoas que moram sozinhas.
De acordo com o IBGE, em 2010 já chegava a 6,9 milhões o contingente dos que vivem só, levando a 12% a fatia de domicílios com um único morador. “É uma indicação de prosperidade, num fenômeno acelerado que vivemos nos últimos dez anos”, afirma o professor JoséNicolau Pompeu, coordenador do curso de economia da mundialização e do desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
A velocidade com que o movimento se deu lembra outro momento de inflexão na sociedade brasileira: a urbanização vivida entre os anos 60, quando 70% da população vivia em áreas rurais, e os anos 80, quando 60% passaram a morar nos centros urbanos. O aumento da massa salarial e do poder aquisitivo da população, dando aos indivíduos a oportunidade de sustentar uma casa, já se reflete em produtos desenvolvidos para solteiros.
Primeiro, nas gôndolas dos supermercados, com embalagens de alimentos em versões menores. Num segundo momento, com a tendência definitivamente consolidada, o processo se reflete também no mercado imobiliário. “Aumentará a demanda de edifícios com apartamentos com um dormitório e, também, de quitinetes”, prevê Nicolau Pompeu.
O fenômeno tem consequências para as políticas públicas, apontaram os técnicos do IBGE no relatório: “O consumo de energia por pessoa é maior para as unidades unipessoais do que para as famílias com mais pessoas. O custo de vida individual é geralmente mais elevado do que nas unidades domésticas multipessoais. Além disso, uma única pessoa pode ser mais vulnerável, já que não há, em caso de desemprego ou outros problemas, uma retaguarda presente na unidade doméstica”.
Os solitários são, em sua maioria, homens com idade entre 40 e 59 anos, predominantemente solteiros (58,9%). No grupo de mulheres que vivem só, destaca-se a participação de viúvas (40%). O censo apontou ainda que Porto Alegre é a capital com maior proporção de pessoas que moram sozinhas (21,4% ou 508,5 mil domicílios) e a 15ª cidade no país.
Veículo: Brasil Econômico