A Leroy Merlin, varejista francesa de material de construção e decoração, decidiu investir em logística para evitar gargalos que, a curto prazo, possam atrapalhar os planos de expansão no Brasil. A companhia planeja quase dobrar o volume total de lojas no mercado brasileiro em cinco anos - são 28 unidades atualmente e a rede espera chegar a 50 pontos ao fim de 2017. Para sustentar esse crescimento, a companhia precisa reforçar a sua estrutura no país.
O ponto principal desse novo planejamento está nos centros de distribuição (CDs) da companhia. A varejista vai abrir um novo CD, o terceiro da empresa no Brasil, com 30 mil m2, no interior de São Paulo - o contrato deve ser assinado nos próximos dias e o nome do município ainda é sigiloso. O espaço deve ser alugado pela empresa.
Ao mesmo tempo, o atual centro da empresa, de 55 mil m2, em São Bernardo do Campo (SP), deixará de estocar mercadorias de baixo giro - esses itens com menor "saída" devem ser alocados no novo CD. Com isso, o centro de distribuição no ABC paulista, inaugurado em 2006, passará a receber apenas produtos de alto giro, cujo abastecimento às lojas acontece quinzenalmente.
A mudança acontece ao mesmo tempo em que a empresa finaliza um outro investimento nessa mesma área, no Rio de Janeiro. Trata-se de um centro menor, de 20 mil m2, que atende o Estado e começou a operar neste ano. "Ao se somar todos os investimentos em logística neste ano, o montante atinge R$ 30 milhões. Apenas no novo CD que será inaugurado em São Paulo, o desembolso será de R$ 12 milhões", disse ontem o diretor-geral da rede no Brasil, Alain Ryckeboer. "Se nós não nos reorganizássemos, haveria o risco de não atingir as metas para os próximos anos".
O ponto central dessa preocupação tem relação com o "índice de ruptura" da rede. Essa taxa mede a falta de produtos nas lojas e, quando o índice sobe, a empresa perdeu venda. O problema é que, muitas vezes, a ruptura nas lojas cresce porque o produto (já estocado no centro de distribuição) não chegou no ponto de venda. Ao criar depósitos e CDs para atender lojas mais rapidamente, essa taxa tende a cair, diz a rede.
Quando a varejista inaugurou o CD em São Bernardo, em 2006, o índice de ruptura da companhia estava em 3% - na época, a rede já considerava esse número alto e queria reduzir para 1%. Hoje essa taxa está em 8% (a cada 100 produtos, 8 deixam de ser vendidos porque não estão na loja). "Está bem alto. Queremos que caia para 2%", disse o diretor. Ryckeboer esteve ontem em uma das lojas da rede em São Paulo para conhecer o primeiro "drive thru" da Leroy na cidade. Trata-se de uma área externa da loja em que o cliente consegue entrar de carro e retirar o produto sem precisar sair do automóvel.
Dentro do planejamento desenhado pela empresa, os centros de distribuição passam a ter funções que se completam. O centro de distribuição menor, no Rio, atende as lojas do Estado diariamente. Já o centro em São Bernardo do Campo faz entregas a cada 15 dias, em média, e o novo CD, no interior de São Paulo, abastecerá as lojas de forma mais espaçada, com entregas acima de 30 dias - já que ele estoca itens de baixo giro.
Para os próximos anos, a companhia estima expansão média anual de 30% nas vendas - de janeiro a setembro deste ano, as vendas da rede cresceram 20%. Esse índice está abaixo da média prevista para os próximos anos porque em 2012, o mercado do varejo de construção perdeu fôlego, afetado pelo baixo crescimento da economia. A empresa não divulga faturamento, mas o mercado estima que a rede feche o ano com receita bruta de R$ 2,2 bilhões.
Veículo: Valor Econômico