Nestlé e SAB veem ritmo menor nos emergentes

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A Nestlé e a SABMiller divulgaram crescimento abaixo do esperado nas vendas em países emergentes, o que trouxe receios quanto a uma desaceleração nas regiões em que a indústria de bens de consumo vem apostando para compensar os declínios nos mercados europeus.

As ações da suíça Nestlé, maior fabricante de alimentos do mundo, tiveram a maior queda em seis meses em Zurich durante o dia, após a companhia anunciar que inundações nas Filipinas e outros problemas em partes da Ásia, Oceania e África, continentes onde obtém mais de 25% das vendas, afetaram seu desempenho. No fim do pregão, a queda na bolsa foi de 1,69%.

Os papéis da SABMiller fecharam com desvalorização de 2,09% em Londres, após a segunda maior cervejaria do mundo informar que as vendas foram refreadas pelo menor ritmo de crescimento e pelo declínio no otimismo dos consumidores na América Latina, sua região mais importante, tanto em termos de receita como de lucros.

A Unilever, cujas vendas nos países emergentes representam mais de metade do total, viu seus papéis caírem até 1,8%, em Amsterdã, pior desvalorização desde 10 de setembro. No fim do pregão, fecharam em declínio de 0,72%.

A desaceleração nos países emergentes pode ser um grande golpe para as fabricantes europeias de bens de consumo, que buscaram se expandir em mercados como os do Brasil e China para compensar o menor crescimento local. A Nestlé divulgou aumento de 9,4% nas vendas na região da Ásia, Oceania e África nos primeiros nove meses do ano. No primeiro semestre, o crescimento havia sido de 11,6%.

"Eu não soaria o alarme dizendo que está tudo acabado, longe disso, mas seria melhor sermos mais realistas sobre as expectativas que temos quanto a esses mercados [emergentes]", disse o analista Spiros Malandrakis, da Euromonitor.

"Este é um setor em que as cotações haviam subido, porque os investidores pensavam que era resistente", afirmou o analista Richard Withagen, da SNS Securities, em Amsterdã. "Mas o setor inteiro está caro e mesmo essas empresas podem sofrer no cenário atual."

A desaceleração do crescimento na região da Ásia, Oceania e África foi provocada por uma confluência de incidentes, como os tufões que atingiram as Filipinas e interromperam a produção por uma semana, disseram ontem executivos da Nestlé. As vendas também foram afetadas por manifestações no Paquistão, eleições no Egito e sanções ao Irã.

A Nestlé, comandada por Paul Bulcke, ainda prevê crescimento acima de 10% nas vendas na China, onde dados oficiais mostraram ontem que a expansão da economia desacelerou pelo sétimo trimestre. A multinacional também manteve sua previsão anual de crescimento global entre 5% e 6%, excluindo vendas e aquisições de operações e variações cambiais.

Na América Latina, as vendas da Nestlé cresceram "dois dígitos" nos nove primeiros meses deste ano. Relatório da companhia apontou que Brasil e México continuaram a registrar forte expansão.

Já a SABMiller teve desempenho abaixo das estimativas na América Latina, África e Ásia. No mercado latino-americano houve crescimento orgânico de 4% nas vendas em volume no semestre encerrado em 30 de setembro. A mediana das projeções dos analistas era de alta de 5,5%. No mesmo período de 2011, a variação havia sido de 8%. A performance na região foi afetada pelo ritmo mais "modesto" de expansão da economia e pelo declínio no otimismo dos consumidores, segundo a empresa.

O número cada vez maior de empresas que buscam avançar nas regiões em desenvolvimento para compensar o baixo crescimento doméstico fez com que os mercados ficassem mais concorridos, afirma Paul French, da empresa de pesquisas Mintel.

"Os mercados emergentes passam por uma fase de menor crescimento, mas isso vai voltar a melhorar em 2013 e 2014", disse o economista Boris Planer, da Planet Retail, em Frankfurt.



Veículo: Valor Econômico


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