Marcas nordestinas querem disputar clientes do sudeste

Leia em 4min

´Mesmo com um mercado em que a concorrência é acirrada devido ao grande número de players no varejo, além da falta e até o encarecimento dos pontos comerciais, várias empresas fundadas em regiões como o nordeste, por exemplo, têm procurado São Paulo para expandir operações.

O que faz esse empresário apostar nas grandes capitais, como a paulista e a carioca, é o hábito de consumo dos moradores dessas regiões, conforme explicou Filomena Garcia, sócia-diretora da Franchise Store - empresa especializada na comercialização de bandeiras para operação no sistema de franquia.

"Há uma tendência migratória: marcas de fora de São Paulo planejam expansão para a capital, ou, pelo menos, para os arredores. Os hábitos de consumo de uma cidade da Grande São Paulo são muito parecidos com os da capital paulista e precisam ser entendidos por uma marca do nordeste do País, por exemplo", diz.

Além do hábito de consumo, a necessidade de operações mais profissionalizadas faz com que a região, mesmo inchada, consiga receber novas marcas. "São Paulo tem um potencial ainda inexplorado, e até uma certa carência de modelos de negócios", avaliou Adir Ribeiro, presidente da consultoria Praxis Business.

Para Ribeiro, algo que deve ser levado em conta pelos empresários dispostos a investir no sudeste é a expansão por meio do franchising, uma vez que o setor representa atualmente apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto nos Estados Unidos o índice é de 8%. "Os números brasileiros são pequenos, o que indica que há espaço para crescer."

Para aproveitar esse potencial, o especialista acredita que modelos de negócios mais bem estruturados e com "bala na agulha" para investir serão os de maior chance de sucesso. "Os pontos comerciais estão muito caros, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro. Por isso, esses empresários têm de ter um modelo de negócio 'pé-no-chão', com perdão da palavra", enfatizou.

Iniciativas

Para aproveitar o potencial de consumo elevado que essas regiões do sul e do sudeste têm apresentado, impulsionados também pela classe C, a rede cearense Zarkha - que comercializa sapatos masculinos e femininos - pretende ter, em 2013, ao menos 12 novas lojas em operação, divididas entre: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Distrito Federal.

Carlos Vanley, fundador da grife, disse, em entrevista ao DCI, que a meta é aproveitar a experiência anterior de já ter sido um franqueado de outras marcas, para assim obter maior visibilidade da rede que criou em 2001. "Toda a experiência do passado me deixou mais preparado para expandir a Zarkha para fora de Fortaleza", enfatizou Vanley.

Atualmente, a grife possui duas lojas próprias localizadas em shoppings de Fortaleza. Segundo empresário, no ano passado a empresa faturou R$ 2,4 milhões.

A expectativa do empresário é ampliar o número de pares de sapatos comercializados mensalmente de 1.200 para 7.000 e atingir no próximo ano o faturamento de R$ 2,7 milhões.
Outra bandeira que também está de olho na Região Sudeste é a baiana Use Shoes. Há dez anos no mercado regional, a empresa quer pegar uma fatia da rentabilidade da região para fechar 2013 com 10 novos espaços.

Novos segmentos

Além do setor calçadista, que tem apontado suas expectativas para o consumo das grandes capitais, outro segmento que também projeta ampliar seu faturamento é o de artefatos para sol e chuva. Ao apostar em uma loja dentro do Shopping Villa Lobos, região nobre de São Paulo, a marca Maria Pumar, que começou há 85 anos como uma indústria, resolveu ousar para sobreviver em meio à concorrência desleal dos produtos chineses.

Lúcia Pumar, executiva-chefe (CEO) da empresa, contou que em m primeiro momento resolveu ampliar a operação em sua cidade-sede, o Rio de Janeiro, onde abriu a primeira loja. "Há um ano criamos a marca para atuar no varejo", afirmou. Mas desde setembro último a empresa rendeu-se ao consumidor paulista. "Abrimos a loja no Villa Lobos há pouco mais de um mês. A aceitação do nosso produto pelos paulistanos surpreendeu", ressaltou ela.
A marca faturou no ano passado R$ 9 milhões, com as duas operações (varejo e indústria). Para 2013, a expectativa é crescer ao menos 20%. Para tanto, Lúcia explicou que já tem novos parceiros de negócios na capital paulista e a tem estudado se estruturar para crescer por franquias, com lojas de shopping, de rua ou até por meio de quiosques - tudo isso está nos planos da Maria Pumar.

Para atrair o público, a marca aposta em produtos estampados e na quantidade de itens oferecidos ao consumidor. "Não vendemos apenas guarda-chuvas e guarda-sóis, temos em nossas lojas sapatilhas, galochas, capas de chuva e bolsas", afirmou Lúcia.


Veículo: DCI


Veja também

Em 40 dias, RaiaDrogasil cria rede única

Raia e Drogasil, que uniram operações há um ano, tornam-se uma só empresa em 40 dias. A part...

Veja mais
Electrolux cresce com IPI e corte de custos

O presidente da Electrolux na América Latina, Ruy Hirschheimer, disse ao Valor que espera um Natal com vendas ent...

Veja mais
Rentabilidade da cafeicultura desaba com a baixa de preços

Com a queda dos preços do café este ano depois dos recordes de 2011, quando superaram US$ 3 a libra-peso n...

Veja mais
Consumidora aponta dificuldade em encontrar produtos de beleza

Apesar de estar entre os três maiores do mundo, o mercado brasileiro de cosméticos ainda precisa passar por...

Veja mais
Mudança de pauta torna China líder de exportações ao Brasil

Mesmo com a freada no desembarque de veículos chineses em território brasileiro, a China tornou-se em 2012...

Veja mais
Nova fábrica de sorvetes Jundiá

A Sorvetes Jundiá, que atualmente opera em 25 mil pontos de venda no país, pretende alcançar 50 mil...

Veja mais
Laticínios Verde Campo amplia mercado

O Verde Campo lançou o primeiro queijo cottage sem lactose produzido no paísO Laticínios Verde Camp...

Veja mais
Cestas de supermercados sobem até 11% em Minas

Valor varia de R$ 195,22 a R$ 362,67.As compras nos supermercados mineiros ficaram até 11% mais caras em abril de...

Veja mais
Comida feita em casa subiu mais que o self-service

Preço de refeições fora de casa sobe, mas custo dos pratos nos restaurantes poderia ser mais salgad...

Veja mais