Comida feita em casa subiu mais que o self-service

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Preço de refeições fora de casa sobe, mas custo dos pratos nos restaurantes poderia ser mais salgado. Concorrência entre estabelecimentos é que alivia bolso do consumidor


Apesar de parecer cada vez mais caro comer fora de casa, a realidade é que os preços poderiam ser muito mais salgados se todos os gastos dos restaurantes fossem repassados para a balança. O site de pesquisas Mercado Mineiro revelou que entre janeiro e outubro desde ano o custo médio do quilo do self-service em 37 restaurantes da capital mineira passou de R$ 28,03 para R$ 29,33, alta de 4,63%. No mesmo período, a inflação oficial de Belo Horizonte, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), subiu 6,06% no item alimentação e bebidas. Entretanto, o que mais contribuiu foi a alimentação em domicílio, com alta de 6,65%.

Os restaurantes por sua vez seguraram os preços e aproximaram os reajustes da variação média da inflação geral na capital mineira, de 4,40% no acumulado dos sete primeiros meses do ano, segundo o IBGE. Se considerado apenas o item refeição, a distância é ainda maior. Em Belo Horizonte, almoço e jantar ficaram 2,98% mais caros entre janeiro e setembro, muito abaixo da alta de 4,77% registrada na alimentação fora de casa.

O coordenador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, reconhece que os ajustes não foram tão expressivos diante das constantes altas de preços de itens como tomate, batata e carne. “O motivo principal é a concorrência. Além disso, as pessoas limitam seu consumo ao valor do ticket alimentação”, explica o especialista.

Lucas Pêgo, diretor-executivo da Associação de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), confirma que uma boa parte dos empresários tem segurado os preços e reduzido as margens. “Esse movimento se resume a uma palavra: mercado. O valor do ticket alimentação não aumentou na mesma velocidade dos custos. Ou o restaurante segura o preço, ou perde a clientela”, acrescenta. Sem contar custos adicionais, como aluguel, mão de obra e legislação do setor, que têm exigido mais investimento.

Mesmo sentindo pesar no bolso o aumento nos preços do arroz, feijão e produtos de hortifruti, o sócio do Viena Self-Service, no Santa Efigênia, Gualter de Carvalho Silva, reconhece que, ao pensar em um reajuste, precisa considerar o orçamento dos clientes. “Sempre que há aumento no preço do quilo há queda no volume vendido. As pessoas consomem menos. Fora isso, não é possível fazer reajustes que cubram a alta nos preços dos alimentos porque o salário das pessoas não aumenta na mesma proporção”, explica. O quilo hoje, de R$ 34,90, deveria ser pelo menos 10% superior para garantir uma boa margem de lucro. “A previsão é de que o reajuste ocorra em fevereiro, mas acabará sendo menor que os 10% necessários”, afirma a sócia-proprietária da casa Gláucia de Carvalho Silva.

Alta moderada

Há 17 dias, os restaurantes da rede Paracone aumentaram em aproximadamente 6% o valor do quilo do almoço. A pressão dos preços foi a principal justificativa para a segunda alta do ano. O problema, segundo o sócio-proprietário Lindoval Conegundes, é que nem aumentando o valor cobrado dos clientes é possível cobrir a variação de alguns produtos. A batata-inglesa, por exemplo, subiu 85% no acumulado do ano, segundo a Fundação Ipead/MG.

Para ele, os produtos que mais pesaram foram o arroz, as carnes e os lácteos. “O palmito e a alcatra, por exemplo, estão mais caros. Mas se eu tiro esses produtos da bancada um dia ou os substituo por outro, o cliente questiona e não posso usar como justificativa a alta nos preços”, explica. Para tentar driblar a alta nos preços, Lindoval garante que a solução tem sido pesquisar as melhores ofertas e promoções. “Tentar comprar uma quantidade significativa de um produto que tenha um bom desconto tem sido a saída para enfrentar o período”, garante.

A concorrência e a fidelização dos clientes também pesam na decisão de aumentar ou não do preço da comida. No Restaurante Isto e Aquilo, os preços ainda não foram reajustados e a expectativa é segurá-los ao máximo. “Muitos repassam a alta dos produtos imediatamente aos clientes, mas temos como posicionamento não aumentar os preços porque as pessoas acabam se afastando e a concorrência se beneficia”, diz o gerente Elvio Alvarenga Freitas, que há 20 anos trabalha no setor. “Hoje o quilo da minha comida custa R$ 29,60 e, se o cenário continuar assim, com o grupo dos alimentos ficando mais caro, precisaremos aumentar para mais de
R$ 30”, acrescenta.

Focus

Os preços prometem não dar trégua para o setor de alimentação fora de casa. O mercado financeiro elevou pela 15ª semana consecutiva a projeção de inflação medida pelo IPCA em 2012, que passou de 5,43% para 5,44%, de acordo com a pesquisa Focus divulgada ontem pelo Banco Central. Há quatro semanas, estava em 5,35%. A expectativa para fechamento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, por sua vez, se manteve estável, em 1,54%.



Veículo: Estado de Minas


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