Positivo na mira de Lenovo e Dell

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As ações da Positivo Informática, a maior fabricante brasileira de computadores, tiveram sua maior escalada de todos os tempos, puxadas por informações de que a Dell Inc. ou a chinesa Lenovo Group possam fazer uma oferta de compra pela empresa, depois que a desvalorização do real, que já dura quatro meses, tornou os ativos brasileiros mais atraentes para os compradores estrangeiros.

 

Representantes da chinesa Lenovo estiveram em Curitiba, sede da Positivo, para pedir exclusividade no processo. A empresa disputa o negócio com a americana Dell. Os compradores estariam dispostos a pagar R$ 20 por ação, o que daria um preço final de R$ 2 bilhões. Os controladores querem um valor acima do negociado no IPO - algo entre R$ 25 e R$ 30, segundo fontes próximas às negociações.

 

Os papéis da Positivo subiram 46,1%, para R$ 9,00, em sua maior escalada desde a Oferta Pública Inicial (OPI) da empresa, em 2006. As ações chegaram a duplicar de valor poucas horas antes e deram um salto de 30% na segunda-feira, depois que o Estado de S. Paulo noticiou que a Lenovo, a maior fabricante de PCs chinesa, ou a Dell, a segunda maior fabricante mundial de computadores, depois da Hewlett-packard Co., poderão comprar a Positivo.

 

O principal executivo da Lenovo, William Amelio, disse ontem prever que as empresas de PCs vão passar por uma concentração de capital "em breve", devido à queda vertical ocorrida nos preços das ações mundialmente, o que aqueceu as especulações de que a Lenovo possa estar interessada na Positivo. Amelio disse não haver "novidades a compartilhar" sobre os possíveis planos.

 

"Além do fato de o principal executivo da Lenovo ter dito que prevê maior concentração de capital no setor, as ações estão realmente baratas agora, comparativamente às perspectivas da empresa", disse Ronaldo Patah, gestor do equivalente a US$ 2,4 bilhões em ativos como diretor de investimentos em ações do Unibanco Asset Management, entre os quais 360 mil ações da Positivo.

 

Até segunda-feira, as ações da Positivo tinham despencado 85% desde o IPO, comparativamente à queda de 39% registrada pelo Índice Bovespa. O papel está sendo vendido a um fator equivalente a 4,42 vezes os lucros estimados, comparativamente ao de 7,62 vezes do principal índice da bolsa, segundo a agência Bloomberg.

 

Os papéis da Positivo vêm tendo desempenho superior ao do Índice Bovespa desde 21 de outubro, quando a empresa informou um salto de 36% na receita líquida, com a quase duplicação das vendas de laptops. As vendas foram estimuladas pelo crescimento da economia do país, estimado para este ano em 5,2%, superior ao das economias desenvolvidas.

 

"A empresa tem boa gestão e boa penetração no varejo", disse Patah. "A Dell não vende muito no mercado de varejo. Ela é mais forte no atacado no Brasil. E a Lenovo não é uma marca tão conhecida quanto a Positivo no Brasil."

 

A Positivo Informática enviou à Bovespa esclarecimento em relação ao interesse da Dell e da Lenovo. A Positivo informou que não há qualquer fato relevante que deva ser divulgado ao mercado e que mantém um relacionamento de longo prazo com o UBS Pactual, visto como possível intermediário na venda, que assessora a empresa na coordenação e organização de eventuais proposições feitas por terceiros.

 

A divisão brasileira da Dell e a porta-voz da Lenovo, Adriana Grandeza, também disseram não comentar "boatos do mercado".

 

BARREIRAS. Se chegarem a fazer uma proposta formal, os interessados vão esbarrar em cláusulas que tornariam a operação impraticável. O Estatuto Social da companhia diz que quem comprar mais de 10% das ações terá de considerar a maior cotação da companhia nos 24 meses antes da oferta pública de aquisição de ações (OPA). No caso, o pico foi R$ 47,15, duas vezes mais que os interessados querem pagar.

 

"Uma solução seria alterar o estatuto social, o que exigiria aprovação de dois terços dos acionistas, ou fechar o capital da companhia, o que implicaria no pagamento de prêmio aos minoritários", explica o analista da corretora Ágora, Alan Cardoso.

 

Em relatório, a corretora Itaú diz que a venda é possível e faz sentido estratégico tanto para o comprador quanto para o vendedor. No relatório divulgado hoje, a Ativa Corretora vai na mesma direção: "um movimento desse porte faz sentido principalmente para a Dell, que vem buscando ampliar sua presença no mercado brasileiro de varejo, onde a Positivo detém a liderança", diz a Ativa.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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