A batata frita, um dos patrimônios da gastronomia da Bélgica ao lado dos mexilhões, da cerveja e do chocolate, deve ganhar mais espaço junto ao consumidor brasileiro. A Lutosa, fabricante belga de batata pré-frita congelada, quer dobrar a presença no Brasil em cinco anos. O plano é sair dos atuais 5% para 10% de participação de mercado até 2017. A estratégia deve ganhar força com a recente aquisição da Lutosa pela canadense McCain, líder mundial do setor e primeira do ranking na indústria de batatas pré-fritas congeladas no Brasil.
Em 2012, o mercado brasileiro de batatas pré-fritas congeladas deve atingir 320 mil toneladas em vendas, com crescimento de quase 7% sobre as 300 mil toneladas de 2011. Do volume previsto para este ano, a Lutosa deve participar com 16 mil toneladas, cerca de 5% do total. Mas para 2017, quando o mercado deverá situar-se em 450 mil toneladas por ano, a empresa belga espera responder por 45 mil toneladas, 10% do todo.
Hoje, em volume, a McCain aparece em primeiro lugar no Brasil. Estimativas de mercado indicam que a empresa responde por cerca de 110 mil toneladas por ano, volume equivalente a quase 35% do mercado, sendo seguida pela empresa brasileira Bem Brasil. No fim de outubro, a McCain anunciou a compra da Lutosa, divisão de batatas do grupo belga PinguinLutosa, por US$ 290 milhões. A aquisição marcou o primeiro movimento de consolidação na indústria global de batatas pré-fritas congeladas.
Com a compra, a McCain, fortalece sua presença no setor de "food service", formado por hotéis, bares e restaurantes. A Lutosa vende cerca de 90% de seus produtos neste setor, onde a líder é a Bem Brasil. O restante das vendas da Lutosa é para o varejo (supermercados).
Já a McCain é líder no Brasil nas vendas para as redes de "fast food", segmento no qual também atua a holandesa Farm Frites, e para o varejo, outros segmentos da indústria de batatas pré-fritas congeladas.
Por enquanto, McCain e Lutosa continuam a operar como duas empresas independentes no mercado brasileiro, mas a curto prazo devem somar forças. A expectativa é de que haja "complementariedade" nas ações das duas empresas no país. Depois do anúncio da compra, a McCain divulgou comunicado segundo o qual a aquisição vai permitir à companhia aumentar participação de mercado, ampliar o portfólio de produtos e fortalecer presença em regiões estratégicas do Brasil. "A força da Lutosa em determinadas regiões do Brasil é complementar à força da McCain. Unindo as duas empresas, buscamos aumentar nossa força no mercado de batatas pré-fritas congeladas e melhorar cada vez mais nossa distribuição", disse a McCain na nota.
Procurada, a empresa informou que não teria nada a acrescentar ao comunicado divulgado após a aquisição. A empresa não informou quando a McCain vai assumir a Lutosa, nem se as duas empresas vão continuar a operar separadamente seus negócios, inclusive mantendo as marcas próprias, ou se haverá uma integração completa das operações.
Luiz Alberto Conde, diretor-executivo da Lutosa América Latina, disse que será preciso esperar um tempo para conhecer os efeitos da aquisição no mercado brasileiro. "Vamos entender como vai funcionar ao longo do processo, mas, por enquanto, é 'business as usual' [negócios como de costume]." Ele afirmou que a Lutosa América Latina continua reportando-se diretamente à Lutosa na Europa.
Para Conde, a McCain adquiriu uma "joia" da coroa belga. Segundo ele, a Lutosa colocou o primeiro contêiner com batata no Brasil há 20 anos. Hoje a empresa vende grande parte de seus produtos para frigoríficos que distribuem a batata frita junto com frango e carne bovina em hotéis, bares e restaurantes e também no varejo. Outra parte da batata belga é importada diretamente por supermercados como Zona Sul (RJ), Zaffari (RS), Angeloni (SC) e Muffato (PR), informou Conde.
Veículo: Valor Econômico