O Estado de Minas Gerais ocupa, desde o ano de 2000, a posição de maior produtor de própolis do país e é atualmente responsável por quase 70% da quantidade total da substância em todo o Brasil. Enquanto a produção nacional gira em torno de 40 toneladas anuais, Minas, sozinha, coleta 29 toneladas por ano.
O presidente da Federação Mineira de Apicultura, Irone Martins Sampaio, afirma que há diferentes fatores que explicam a liderança do Estado no segmento, entre eles a rentabilidade e a procura internacional pela própolis. "Enquanto um quilo de mel é vendido a R$ 5,00, um quilo da própolis sai a R$ 150,00. O mel só é coletado duas vezes ao ano e a própolis, toda semana. Além disso, Minas tem se tornado referência mundial na qualidade de sua própolis e hoje esse já é o produto apícola com maior volume em exportações", informa Sampaio.
De acordo com ele, estudos feitos no Japão consideram as propriedades terapêuticas da própolis e identificaram princípios ativos que possuem desde ação antibacteriana até função cicatrizante e regeneradora de tecidos. E, mesmo que os produtos apícolas sejam destinados à alimentação, seu uso como complemento medicinal tem incentivado o comércio com outros países, sobretudo na Ásia.
"A própolis é o (filet mignon) dos produtos apícolas e o mercado é altamente favorável a ela. A tendência é que a procura internacional aumente, inclusive em função das novas descobertas contra doenças. Para se ter uma ideia, a própolis de Minas possui um princípio ativo a mais que a própolis de outros estados. Esse princípio ajuda a combater tumores e inclusive o tumor cancerígeno. Trata-se do fenólico Artepelin C. Esse fenólico tem como origem botânica o Alecrim do Campo. Em algumas regiões a própolis verde tem 1% de ‘Artepelin C’, em certas regiões de Minas ela chega a 11,6%. Por tudo isso, o comércio da própolis é um grande negócio", enfatiza Sampaio.
Outros motivos que colaboram para a boa posição mineira no ranking de produção de própolis envolvem a boa condição climática do Estado, com altitude média e temperatura ideias para a substância, bem como a profissionalização do setor e o uso de equipamentos inteligentes para a coleta e armazenam da produção.
O presidente da Femap também analisa a recente Pesquisa da Produção da Pecuária Municipal, divulgada pelo IBGE e que aponta Minas Gerais como a sexta maior produtora de mel do país. "Esse ranking considera apenas o mel, mas é preciso ter em mente a vocação das abelhas para outros produtos. Se o apiário estiver localizado em uma região onde a biodiversidade não é favorável à produção do mel ou outra substância, não adianta utilizar essa substância específica como parâmetro", defende.
No caso de Minas, mesmo sem ter o mel como foco, os apicultores conseguem coletar sete mil toneladas do produto, considerando que uma colmeia, quando é muito produtiva, rende 20 quilo de mel por ano. Além disso, no estado, o mel é um subproduto utilizado para garantir a produção da própolis e muitas vezes é deixado nas próprias colmeias para fortalecer as abelhas. "Investir em mel não é vantajoso para Minas mas, se ele fosse tão competitivo quanto a própolis, nós também teríamos uma posição de destaque", afirma Sampaio.
Veículo: Diário do Comércio - MG