Os elevados índices de endividamento e inadimplência devem ser os principais entraves ao desempenho do varejo neste Natal. Conforme levantamento divulgado ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), 60,61% dos entrevistados esperam que as vendas em 2012 superem as do ano passado. Embora a maioria mantenha o otimismo, foi observada retração de 1,16 ponto percentual, em relação aos 61,77% de 2011.
A maior parcela dos lojistas, 26,52%, aposta em crescimento de 15% das vendas. Em seguida, 9,09% afirmaram que a expansão deve variar entre 9% e 12%. Foi registrado aumento entre os que estão confiantes em uma estabilidade. Para 28,03%, não deve ser observada qualquer oscilação, positiva ou negativa, representativa. Em 2011, o percentual ficou em 14,14%. A boa notícia é que foi registrada queda entre os que projetam retração. Neste exercício, apenas 11,36% não esperam expandir o faturamento, ante 24,08% de 2011.
A maioria dos consumidores não deve desembolsar valor superior a R$ 150, para 75,96% dos lojistas, valor bem superior aos R$ 50 do ano passado. Conforme a economista da entidade Ana Paula Bastos, o aumento deve ser atribuído a fatores macroeconômicos, como corte nas taxas de juros e baixos índices de desemprego, responsáveis por reforçar a confiança do consumidor. Com a elevação do montante, a celebração pode aquecer um número mais amplo de segmentos, como os eletrônicos. Porém, a especialista prevê que o vestuário, acessórios e brinquedos continuem detendo a preferência do consumidor.
A previsão da especialista está em consonância com os dados da pesquisa. De acordo com ela, 51,94% preveem que as roupas devem ser os produtos mais comercializados neste Natal, seguido pelos calçados (14,73%) e brinquedos (7,75%).
Mantendo a tendência de outras comemorações, para 85,61%, os clientes devem recorrer ao cartão de crédito parcelado ao efetuar as compras de fim de ano. O alto percentual merece atenção, uma vez que as famílias, já com a renda altamente comprometida, planejam contrair novas dívidas, o que pode comprometer o desempenho do varejo no próximo ano. A fim de eliminar ameaças aos bons resultados do setor em 2013, Ana Paula Bastos aconselha a concessão de descontos, capazes de estimular o consumidor a comprar à vista.
Preço - A estratégia de oferecer descontos vai ao encontro das reais necessidades do consumidor, segundo a CDL-BH. Para 32,42% dos empresários o preço vai ser o principal responsável por atrair clientes, às vésperas da comemoração mais aguardada do ano. No entanto, em um período no qual o tumulto dentro dos estabelecimentos pode espantar a freguesia, fatores como atendimento (22,27%) e a oferta de diferentes modalidades de pagamento (21,09%) não podem ser desconsideradas.
O consumidor, mais uma vez, deve adiar as compras até a última hora. "As pessoas costumam usar a segunda parcela do 13º, paga até 20 de dezembro, para as compras de Natal. A primeira, recebida em novembro, serve para colocar as contas em dia", justifica Ana Paula Bastos. O pagamento do salário extra é a principal motivação do consumidor para comprar, na visão do empresário, com 49,62%. Os demais incentivos são do corte nos juros e facilidade de acesso ao crédito, com 14,5%.
Veículo: Diário do Comércio - MG