Dívidas do consumidor preocupam o comércio

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Para voltar a ter acesso ao crédito e poder comprar mais no Natal, os consumidores, não apenas da capital mineira, mas também do interior do Estado, recorreram em dezembro às Câmaras de Dirigentes Lojistas espalhadas por Minas Gerais com o objetivo de quitar os débitos pendentes, retirar o nome do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e recuperar o acesso aos financiamentos. Estima-se que, na passagem de novembro para o último mês do ano, o número de cancelamentos tenha crescido percentual superior a 20%.

No entanto, a situação é diferente sobre outra base comparativa. Em dezembro, na comparação com idêntico período do exercício anterior, os cancelamentos retraíram em até quase 15%. O dado indica que o consumidor, cada vez mais endividado em decorrência do acesso facilitado ao crédito e de outras medidas de incentivo ao consumo, encontra mais dificuldades para honrar seus compromissos financeiros.

Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, em dezembro, em relação a novembro, os registros de cancelamento no SPC tiveram aumento de 14,93%. No confronto com o último mês de 2011, foi observada retração de 24,20% no número de pessoas que conseguiram sair do cadastro negativo. Contudo, a boa notícia é que, as consultas ao SPC, usadas como termômetro de vendas, tiveram ampliação de 5,7% na comparação anual, o que sinaliza que o consumo segue pujante.

Conforme o diretor de Produtos e Serviços da CDL local, Hoberg Dutra Leocádio, o alto nível de endividamento foi responsável por impedir o consumidor de pagar as contas em dia. Ele acrescenta que muitas são as incertezas em relação ao desempenho do comércio em 2013. De acordo com ele, a conjuntura internacional é instável, o que pode impactar negativamente a economia doméstica de forma mais intensa. Além disso, ele lembra que, ano passado, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ficou muito aquém do esperado, o que compromete a confiança do comprador e do empresário.


Campanha - Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, o registro de inadimplentes em dezembro, em relação ao mês imediatamente anterior, teve retração de 0,65%. Mas, sobre o mesmo período do exercício passado, foi observado avanço de 9,7%. Na visão do presidente da entidade, Vandir Domingos, o aumento registrado neste ano é resultado do uso inadequado, principalmente do cartão de crédito. "O consumidor compra por impulso e, com o tempo, não consegue pagar as dívidas", afirma.

No entanto, ele pondera que a CDL da cidade realizou uma campanha, entre 5 de novembro e 24 de dezembro, na qual a população teve a oportunidade de renegociar suas dívidas, sem a cobrança de juros. A estratégia motivou 15 mil pessoas a limpar o nome no período. Neste ano, Domingos acredita que a inadimplência deve registrar um pico ao longo do primeiro quadrimestre, quando as famílias tradicionalmente arcam com volume mais expressivo de despesas. Porém, o índice deve voltar a cair, se acomodando a partir de maio.

Impasses na Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas) e na administração pública municipal, os dois principais empregadores dos moradores de Ipatinga, no Vale do Aço, contribuíram para que menos pessoas pudessem cancelar seus registros no SPC em dezembro deste ano. Estima-se que a queda, frente ao mesmo mês do ano passado, tenha sido de 10%.

Planejamento - Segundo o presidente da CDL do município, Márcio Penna, a primeira parcela do 13º salário, normalmente usada na eliminação de dívidas, atrasou, tanto para quem trabalha na Usiminas quanto para os funcionários da prefeitura. Porém, sobre novembro, foi observado aumento de significativos 22% nos cancelamentos. "O 13º foi pago somente às vésperas das festas de fim de ano, o que fez com que o consumidor pagasse suas dívidas e corresse para as lojas logo em seguida", diz.

Ao longo do ano passado, as consultas no balcão da CDL de Ipatinga, com pessoas interessadas em se informar sobre a situação do seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) cresceu 84%.

Para Penna, o responsável pela inadimplência não é o endividamento cada vez mais elevado, mas a falta de planejamento do consumidor. "As pessoas ainda não sabem lidar com o crédito e, muitas vezes, comprometem de uma vez só parte significativa da renda com as prestações. Assim, programar o pagamento de parcelas de menor valor, ao longo de um período mais extenso, pode ser uma solução", afirma.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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