Linha branca cresce em 2013 com produtos de maior valor

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Com o bom resultado da política de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para refrigeradores, máquinas de lavar e fogões, o ano de 2012 foi marcado por uma tendência de migração do consumo de linha branca para produtos de maior valor, que deve continuar a ocorrer este ano. "A redução do IPI levou o consumidor a procurar produtos melhores", afirma o gerente de Negócios para a área de linha branca da consultoria GfK, Oliver Römerscheidt.

Segundo ele, em máquinas de lavar, por exemplo, há um avanço das lavadoras automáticas, em detrimento das semiautomáticas. "De janeiro a outubro de 2011, os tanquinhos representaram 37,3% das vendas, em 2012, no mesmo período, foram 32,7%", diz. Há também uma migração para produtos com capacidades maiores, de 10 a 12 litros.

Em refrigeradores, o consultor ressalta o avanço dos produtos com duas portas e tecnologia frost free, que possibilita refrigeração sem produção de gelo. "O segmento de duas portas com esta tecnologia em 2011 era 36,9% das vendas e passaram a ser 41,5% em 2012", revela. Nos fogões, a principal variação é o número de bocas. "O mercado migrou para fogão de cinco bocas", conta. Segundo ele, essa mudança ocorre dentro do espectro dos fogões mais largos, com uma migração do produto de seis para o de cinco bocas. "O de cinco bocas é um produto mais gourmet, com boca central maior e preço médio acima do de seis bocas", explica.

O fogão de cinco bocas custou entre janeiro e outubro de 2012, em média,R$ 948, quase o dobro do fogão de quatro bocas, com média de R$ 475 no período, e acima dos produtos com seis bocas, que registrou preço médio de R$ 687. "[O fogão de cinco] já está chegando na classe C, muita marcas que atendem a esse público estão investindo no produto e o preço dele baixou bastante", diz.

Custos

Além do avanço das categorias de maior valor agregado, a líder de mercado Whirlpool, fabricante das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, afirma que há este ano uma tendência de aumento de custos de produção. "A elevação do dólar ao longo de 2012 trouxe uma pressão de custo em commodities", afirma o vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Whirlpool Latin America, Armando Valle. Segundo ele, isso afeta os preços tanto de componentes importados, como de insumos nacionais precificadas em dólar, como alumínio, aço e cobre.

O executivo relata que, para a empresa, o ano de 2012 foi muito bom para os produtos com redução do IPI, que cresceram em linha com o mercado, entre 14% e 15%. Já os aparelhos de ar condicionado split, provavelmente, fecharam o ano sem crescimento. "Tivemos um segundo semestre bastante bom, mas um primeiro semestre muito ruim, então essa categoria fecha o ano próximo do zero a zero ou com crescimento discreto", diz. Nas demais categorias sem redução do IPI, a empresa acredita ter crescido como o mercado, de 4% a 5%, gerando um avanço médio de 7% a 8%.

Para 2013, Valle vê um cenário promissor. "Com a manutenção do IPI, acreditamos que dá para crescer a números próximos aos de 2012. Dá para sonhar com 10% [de crescimento], mesmo com a economia ficando em torno de 3%", acredita. Outra boa notícia para este ano é o início, agora em janeiro, da desoneração da folha de pagamentos para o setor.

Balanço

O segmento de eletrodomésticos fechou 2012 com um crescimento de vendas de até 15% em máquinas de lavar, refrigeradores e fogões, segundo estimativa da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros). Já os eletroportáteis, como liquidificadores, processadores, ventiladores e ferros de passar, tiveram crescimento de cerca de 10% no ano, com uma redução da penetração de importados, devido à valorização do dólar, calcula a entidade representativa.

De acordo com o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, no primeiro semestre de 2012 refrigeradores tiveram avanço de 15%, lavadoras cresceram 17% e fogões registraram incremento de 20% em vendas. "Houve uma desaceleração no terceiro trimestre, mas sentimos uma recuperação nas vendas de fim de ano, levando a fechar 2012 com avanço entre 10% e 15% na linha branca", disse Kiçula. Em 2011, o segmento registrou crescimento de 9%.

Em vigor desde 1º de dezembro de 2011, a redução do IPI para linha branca foi prorrogada até junho de 2013. As alíquotas atuais permanecerão em vigor até o fim de janeiro e, de fevereiro a junho, haverá cobrança de alíquotas intermediárias, voltando aos níveis normais em julho. Assim, as tradicionais liquidações do primeiro mês do ano, consideradas pelo setor "o segundo Natal do brasileiro", estão garantidas.

Em 2013, a Eletros deve continuar a defender que a redução do imposto se torne permanente, como forma de garantir a competitividade do setor, cujo bom desempenho impacta positivamente a economia, devido a sua longa cadeia de componentes.


Veículo: DCI


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