A Philips informou que vai vender sua divisão mais antiga, de áudio e vídeo, num momento em que a contenção de custos e o crescimento nos mercados emergentes ajudaram a maior fabricante europeia de produtos eletrônicos a superar as expectativas de lucros pelo quarto trimestre sucessivo.
A Philips, que inventou o audiocassete cerca de 50 anos atrás, pretende vender sua divisão de sistemas de áudio e de DVD, em processo de encolhimento, à Funai Electric, por €150 milhões, mais taxas de licença. Com isso a empresa vai se concentrar no mercado de barbeadores e eletrodomésticos para cozinha, com maior potencial de crescimento. A decisão ocorre um ano após a Philips ter concluído o desmembramento de seu deficitário braço de aparelhos de TV.
"O mercado dessa área [entretenimento de consumo] migrou para a internet e para os dispositivos móveis e, com tantos concorrentes asiáticos participando dele, sentimos que não conseguiremos mais nos distinguir por meio da inovação", disse Frans van Houten, presidente mundial da Philips. "Trata-se de um mercado maduro, e temos que deixá-lo".
A Philips, sediada em Amsterdã, mudou o foco da carteira de produtos para sua divisão de equipamentos da área de saúde, de crescimento acelerado, e para a área de iluminação econômica, em que é a líder mundial em vendas. Em 2011 a Philips anunciou planos de reduzir € 1,1 bilhão em custos e fechamento de 6,7 mil postos de trabalho no mundo, em relação ao quadro de mais de 118 mil funcionários ao fim de 2012.
O lucro da Philips antes de juros, impostos e amortização (Ebitda) - excluindo despesas de reestruturação e outras (o indicador mais monitorado pelos analistas) - deu um salto de 50%, para € 875 milhões, o equivalente a um retorno sobre as vendas de 12,2%. Analistas previam cerca de € 840 milhões de Ebitda no quarto trimestre.
Van Houten diz que a Philips contraria a opinião dos céticos e "colhe os frutos" do programa de eficiência e crescimento. "Mas ainda há muito mais a fazer e existem áreas de atuação em que não chegamos ao nível de categoria mundial". A empresa holandesa de produtos eletrônicos, cuja carteira de produtos vai desde escovas de dente recarregáveis até aparelhos de ressuscitação cardíaca, manteve sua projeção de lucros para o ano e previu que a demanda se aquecerá no segundo semestre de 2013, após um início lento.
Veículo: Valor Econômico