Embora sigam parcelando compras via cartão, estão dispostos a pagar aquisições à vista.
Os consumidores de Belo Horizonte, embora sigam parcelando suas compras via cartão de crédito, estão dispostos a pagar suas aquisições à vista, desde que consigam descontos para mudar a forma de pagamento. A Pesquisa de Opinião do Consumidor - Orçamento Doméstico, da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), apurou que 97,8% das pessoas, no mês de janeiro, optariam por pagar seus débitos à vista se isto representasse gastar menos para adquirir o bem. o maior percentual já apurado na série, segundo informa o economista Gabriel de Andrade Ivo.
"O preço continua sendo o item que tem maior influência na decisão do consumidor no momento da compra, seguido de perto pelo atendimento. Então, para aumentar as vendas, o conselho é fazer o casamento entre os dois", garante Ivo.
Nesse sentido, a pesquisa detectou também o bom resultado alcançado pelo comércio de Belo Horizonte com as liquidações de janeiro, já que as compras por impulso aumentaram, passando de um percentual de 50,3% em dezembro para 52,1% neste mês. Já vale a pena começar a planejar agora as vendas para as próximas datas comemorativas, como a Páscoa e o Dia das Mães.
E tudo indica que o consumidor estava mais austero no mês do Natal, quando 76,9% disseram ter feito um planejamento de seus gastos, contra 65,8% de janeiro. Dentre os que planejaram o orçamento em janeiro, 22,6% afirmam seguir rigidamente aquilo a que se propuseram, enquanto 5,5% largam o plano de lado e 37,7% o cumprem em parte.
O que se observa, ao se fazer a comparação entre o planejamento de gastos e as compras por impulso, é que existe uma incoerência entre as duas variáveis. 65,8% garantem planejar e 47,9% que não gastam de maneira impulsiva. Existe aí o que os economistas chamam de gap de 17,9%. Quanto menor o gap, menor a lacuna entre a intenção e a prática.
O período em que a diferença mais se aproximou de zero foi no auge da crise econômica, quando a confiança do consumidor estava mais frágil e ele era muito mais rigoroso com os gastos. Em setembro de 2009, o gap era de 0,2%. Como a economia está pujante, a confiança no emprego e na renda também, as pessoas tendem a ficar mais relaxadas e a comprar mais.
Os indicadores reforçam a noção já conhecida de que o consumidor brasileiro não tem ainda a cultura da educação financeira, fato que leva ao descontrole orçamentário e que se constitui numa das principais causas da inadimplência.
O que também confirma esta constatação é o fato de 48,3% dos consumidores ouvidos afirmarem que conseguem planejar seu orçamento e ter alguma sobra, mas 38,9%, quando conseguem pagar tudo e ficar com um troco, gastam o excedente com lazer e 27,5% depositam na poupança.
Já 7,4% afirmam que sempre têm que recorrer a algum tipo de financiamento, como o cheque especial ou o cartão. Outros 0,3% não têm estes recursos e estão sempre devendo. Há ainda um grupo de 0,8% que recorre ao financiamento e ainda assim continua devendo.
Veículo: Diário do Comércio - MG