O presidente mundial da Electrolux, o novaiorquino Keith McLoughlin, trabalha para que, nos próximos cinco anos, mais de 50% da receita da companhia venha dos mercados emergentes. Há cinco anos, essa fatia dos emergentes, incluído o Brasil, era de 15%. Hoje é de 35%.
A estratégia da fabricante sueca de geladeiras, lavadoras de roupa e fogões - a segunda maior do mundo, depois da americana Whirlpool - é investir na estratégia que combina design, inovação e marketing, em detrimento do modelo industrial tradicional. "Nosso crescimento será sustentado, cada vez mais, por produtos premium, inovações para a classe média, serviços especiais para consumidores e expansão dos nossos canais de venda", disse McLoughlin, por telefone, de Estocolmo.
Ele assumiu a presidência da Electrolux - pertencente ao grupo Investor AB, um conglomerado com mais de 500 empresas, entre as quais AstraZeneca, Scania, Ericsson e ABB - em janeiro de 2011, mas já trabalhava na empresa desde 2003, depois de 22 anos na americana DuPont. Em dois anos, fez a aquisição da CTI, com operações no Chile e na Argentina, e da egípcia Olympic.
Na Electrolux, McLoughlin contratou um trio de executivos estrangeiros que ele chama de "triângulo da inovação": um alemão, que cuida da tecnologia alemão, um americano para o marketing e um italiano, no design. A busca por objetos mais bonitos e atraentes dá emprego a uma equipe de 250 pessoas espalhadas em seis centros de design. O número total de empregados no mundo é de 58 mil. No Brasil são 8,5 mil.
"A marca é uma combinação de valores como contemporaneidade, humanismo, inovação e emoção. Queremos fazer produtos que tenham sentido único para o consumidor [adequados às necessidades dos mercados]", diz. Como exemplo, McLoughlin cita a lavadora Ultra Clean, produzida no Brasil em 2010 para atender ao mercado latino americano. O produto usa ondas de ultrassom para remover manchas.
O plano parece estar dando certo. Segundo balanço divulgado sexta-feira, o lucro e as vendas cresceram no quarto trimestre, embora tenham ficado abaixo do esperado pelos analistas. Mas o crescimento de volumes vendidos, ajustes de preços para cima e melhor mix de produtos na América Latina e América do Norte compensaram as condições econômicas mais difíceis na Europa, segundo a companhia, que opera em 150 países.
A tática não é exclusividade da empresa. Concorrentes como a coreana Samsung pensam de forma semelhante ao abandonar linhas de produtos que oferecem baixos lucros para apostar em design, procurando adaptá-los ao gosto de consumidores de diferentes mercados.
A América Latina, e o Brasil em particular, têm se tornado cada vez mais importantes para o grupo. No ano de 2012, a América Latina representou 20% da receita global da companhia - o Brasil é, dentro dessa fatia, 16%. As três Américas equivalem a 50% do negócio mundial.
Segundo os resultados globais, o lucro operacional da Electrolux na América Latina no quarto trimestre aumentou 90,4%, para 657 milhões de coroas suecas (US$ 103,3 milhões), atingindo recorde. No ano, o aumento foi de 93,9%. A receita líquida aumentou 6,7%, para 6,4 bilhões de coroas suecas. e No ano, cresceu 23,7%, chegando a 22 bilhões de coroas suecas (US$ 3,5 bilhões bilhões). A receita em outros mercados da América Latina, com exceção do Brasil, aumentou 32% no total de 2012
Para a empresa, a demanda continuou em alta no quarto trimestre de 2012 na América Latina estimulada, principalmente, pela redução de IPI para eletrodomésticos no Brasil, medida adotada pelo governo para estimular o consumo. Esse benefício começa a ser reduzido parcialmente neste ano.
A Electrolux também faturou mais no Brasil pois lançou produtos com maior valor agregado. Em 2012 foram feitos 80 lançamentos e para este ano, a previsão é fazer 100. A companhia tem quatro fábricas no país, duas no paraná, uma em Manais e uma em São Carlos (SP).
Veículo: Valor Econômico