Varejistas reagem à eventual presença de Abilio Diniz no conselho da BRF

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Supermercadistas se irritam como fato de o empresário interferir na administração


O francês Jean Charles-Naouri, presidente do Casino e acionista majoritário no Grupo Pão de Açúcar, pode ganhar alguns aliados em sua nova batalha contra o sócio Abilio Diniz. O motivo da briga desta vez é a possibilidade do empresário brasileiro ir para a presidência do conselho de administração da BRF Brasil Foods e, paralelamente, manter esta mesma posição no Pão de Açúcar. Os supermercados concorrentes do Pão de Açúcar, assim como Naouri, estão torcendo o nariz para a ideia.

“Se o Abilio (Diniz) passar a atuar nas duas empresas vai haver um mal estar entre a BRF e os outros varejstas. Não vejo com bons olhos”, diz Jovino Reis, presidente do grupo Bahamas com 28 supermercados em Minas Gerais. Ele explica que em sua região de atuação existem algumas indústrias que são donas de supermercados e que, nestes casos, prefere não fazer negócios. “Acho que pode haver uma tendência da BRF de privilegiar o Pão de Açúcar em detrimento dos outros varejistas”, diz um executivo de uma grande rede de supermercados, que prefere não se identificar. Dona de marcas como Sadia e Perdigão, a BRF está entre os maiores fornecedores de alimentos do país. Muitos supermercadistas dependem quase que exclusivamente dela em alguns segmentos, como o de congelados. É por isso que a aliança da fabricante com o maior varejista do Brasil causa calafrios nas redes de supermercados.

Para Naouri, a permanência de Diniz no conselho das duas empresas geraria um conflito de interesses. E o francês estaria se armando para barrar os planos do sócio. Mas a quem ele poderia recorrer? “Supõe-se que Diniz tenha interesse que Pão de Açúcar e BRF caminhem bem, já que ele tem ações nas duas companhias”, diz Cleveland Prates, consultor da Pezco Microanalysis e ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Para o especialista, existem poucas chances do Cade analisar uma questão como esta a pedido do Casino. “Este caso esta mais ligado ao direito civil. Faria mais sentido o Cade analisá-lo a pedido de outros supermercadistas, que são players que têm reais motivos para estarem procupados com a situação”, diz Prates.

Nos últimos tempos, Diniz se desfez de parte de suas ações no Pão de Açúcar ao mesmo tempo em que adquiriu ações da BRF. No entanto, cerca de 80% de seu patrimônio está relacionado à empresa fundada por seu pai. E ele quer permanecer lá, apesar das rusgas com Naouri. “Reafirmo o meu compromisso de longo prazo com a empresa fundada por meu pai e a qual dediquei a minha vida”, afirmou Diniz em nota.

O curioso é que no passado Diniz já foi contra a postura de um executivo atuar ao mesmo tempo no comércio e na indústria. Em 2007, quando comprou 60% do Assaí, o empresário questionou o fato de José Barral, então executivo da rede de atacarejo, pertencer ao conselho da Bramel, fabricante de mel. Na época, Rodolfo Nagai, fundador do Assaí, saiu em defesa de Barral. Mas apenas alguns meses depois o executivo deixou a companhia. Atualmente, Barral é presidente da rede de supermercado Sonda.


Veículo: Brasil Econômico


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