Safra da laranja: Perdas podem chegar a 60 milhões de caixas

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A safra de laranja registrada no último período (2012/2013), estimada pelo mercado em 300 milhões de caixas, deve vir acompanhada de uma grande perda. Porém, por falta de coleta de informações oficiais, produtores e indústria não entraram em um consenso sobre o quanto se deixou de colher. Segundo a indústria de processamento da laranja, o número de caixas que deixaram de ser vendidas não passa de 30 milhões. Já representantes dos citricultores atestam que esse número deve ultrapassar esse patamar e pode chegar a 64 milhões, o que corresponderia a mais de 20% de toda a safra.

Os representantes da indústria afirmam que o setor comprou todos os 40 milhões de caixas que prometeu comprar em acordo feito com os produtores junto ao governo federal. Pelo acordo, foi prorrogada a Linha Especial de Crédito (LEC) para os processadores comprarem essa quantidade de caixas, que representaria metade do excedente previsto. "Colocamos muita fruta no mercado interno, a indústria comprou mais de 40 milhões de caixas. A perda não chegou a 30 milhões ou 35 milhões de caixas", estima o presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Marco Antônio dos Santos.

Um técnico da Associação Nacional dos Exportadores dos Sucos Cítricos (Citrus BR) afirmou que os dados da entidade também "dão conta que a perda foi em torno de 40 milhões", o que seria o limite de perda pelo acordo feito com o governo.

Já de acordo com os cálculos do presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, houve um excedente de mais de 110 milhões de caixas, dos quais apenas 50 milhões serão absorvidos pelo mercado interno, o que resulta em uma perda de mais de 60 milhões.

O presidente do sindicato rural dos Municípios de Ibitinga e Tabatinga (SP), Frauzo Ruiz Sanchez, também indica que, até o final da colheita na safra atual, mais de 50 milhões de caixas ficarão sem ser colhidas. "O número é difícil de estimar, não tem ninguém no campo contando isso. Mas o sentimento é de que a perda foi muito grande", sinaliza.

As perdas maiores devem se concentrar no tipo precoce, principalmente de hamlin. Segundo Sanchez, quase toda a safra dessa variedade, cerca de 20 milhões a 25 milhões de caixas, não foi comprada. Ele também aponta perda nas laranjas tipo valência e natal, o que totalizaria cerca de 15 milhões de caixas. O presidente da Câmara Setorial da Citricultura já acredita que o tipo valência passou quase sem perdas, assim como o tipo pera-rio.

Perdas também para 2013

Citricultores e indústria têm um consenso: de que a próxima safra da fruta será menor do que a atual. "Houve grande erradicação de pomares, os produtores não conseguiram vender nada de sua safra, e outros estão endividados, perdendo propriedades e arrendando para cana-de-açúcar", afirma Viegas, da Associtrus.

Sanchez, de Ibatinga, disse que, em recente conversa com representantes da indústria, há uma expectativa de quebra de safra em torno de 20% ou mais.

Entre os motivos que os produtores citam para a expectativa em baixa, está a questão climática. No segundo semestre de 2012, principalmente entre setembro e outubro, a estiagem e a sequência de altas temperaturas prejudicou o desenvolvimento dos frutos. "Pegou menos fruto, e o que pegou cresceu menos. Vai precisar de mais frutos por caixa" na próxima safra, estimou o produtor.

A sequência de duas safras consideradas boas em 2011/2012 e em 2012/2013 também deve prejudicar o próximo período. "Quanto mais tempo o fruto fica na planta, menor é a produção da safra seguinte. Como agora a fruta ficou muito tempo na planta, isso afeta a produção seguinte", acrescenta Sanchez.

A baixa remuneração também está desincentivando os produtores independentes. O preço ao produtor chega a US$ 3 a caixa. A indústria apresenta entre os motivos para a depreciação da fruta a contração da demanda mundial e os altos estoques de suco, estimados em 662 mil toneladas para junho deste ano.




Veículo: DCI


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