Na quinta-feira, enquanto era anunciada nos Estados Unidos a aquisição da gigante de alimentos Heinz pelo investidor americano Warren Buffett e os brasileiros da 3G Capital, o comando da fabricante de atomatados Predilecta Alimentos, com sede em Matão (SP), fechava a compra de uma fábrica da Unilever em Patos de Minas (MG). A unidade vai elevar a capacidade de produção da Predilecta, terceira maior processadora de tomates no país, em 40% este ano, disse o sócio diretor da Predilecta, Antônio Carlos Tadiotti.
O valor do negócio, que vinha sendo tratado com a multinacional anglo-holandesa há três meses, não foi informado. Uma parte dos recursos virá do capital próprio e outra de financiamento contratado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com bancos privados.
A fábrica, com 22 mil m2, estava desativada havia seis anos. Foi usada pela Cica e depois pela Unilever, que vendeu suas marcas Pomarola, Tarantella, Elefante e Pomodoro para a Cargill em 2010.
Com investimento de R$ 20 milhões em reforma e ampliação da fábrica, Tadiotti prevê dobrar, em 2014, o processamento de tomate do grupo, atualmente em 260 mil toneladas anuais. A Predilecta, que fabrica mais de 100 produtos entre atomatados, vegetais em conserva e doces, tem quatro fábricas nos Estados de São Paulo e Goiás, 3 mil funcionários e as marcas Predilecta, Dez+, Stella D'Oro e Tradelli.
Tadiotti diz não temer a chegada de concorrentes mais agressivos, como os novos donos da Heinz, ao mercado local. "Desde que comprou a Quero, a Heinz está discreta. Os grandes conglomerados não são ágeis como as empresas locais", afirma. Ele e o sócio José Reinaldo Trevizanelli detêm 70% da Predilecta, fundada há 22 anos.
Em Patos de Minas, além da reforma da fábrica, Tadiotti articula a parceria com produtores locais para o fornecimento de tomate do tipo industrial. A região, que foi produtora de tomate no passado e mais recentemente tinha voltado-se ao cultivo do milho, está retomando o cultivo de tomates.
Mais de 40 empresas entre multinacionais e locais disputam o mercado de atomatados no Brasil, que fatura R$ 2,6 bilhões por ano e cresceu entre 15% e 17% nos últimos três anos. Mas 80% das vendas estão nas mãos de cinco delas: Cargill, Heinz (Quero), Bunge, Predilecta e Fugini.
Veículo: Valor Econômico