Em meio aos lançamentos trazidos pelas principais indústrias de produtos de cama, mesa e banho, que expõem suas apostas para o ano na edição 2013 da Texfair Home, em Blumenau, o setor de têxteis para o lar projeta melhores dias com a extensão de uma provável retomada. Isso porque dados preliminares de 2012 demonstram indícios de recuperação. Puxado por uma alta de 4% na relação com 2011, o índice garante movimento superior a R$ 12 bilhões para a cadeia no varejo e de R$ 7 bilhões na indústria no período.
Após um biênio (2011/2012) considerado digno de esquecimento, os novos desafios estão postos. Fatores como a ampliação do número de leitos em hotéis, em razão da Copa do Mundo de 2014, o aumento das compras públicas e a consolidação de programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida podem se tornar representativos. Na contramão, a elevação da renda média da população tem atraído a atenção dos novos consumidores aos produtos tecnológicos e de bens de capital, instituindo uma concorrência fundamentada pelos domínios das marcas.
O cenário determina uma espécie de encruzilhada que, na avaliação do diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEE), Marcelo Villin Prado, só será contornado por meio da diversificação dos canais de escoamento da produção e do aumento das margens de venda. A constatação é apoiada por dados de desempenho do varejo no País, que, com média de 12% ao ano entre 2007 e 2012, não acompanham o ritmo de expansão da renda.
“Hoje há produtos em vários canais. Começamos a descobrir que para escoar é preciso abrir novos canais de venda. O mercado brasileiro oferece muitas oportunidades, e ainda exploramos muito pouco. Um estudo da entidade afirma que, quando questionados, os consumidores lembram em média apenas 25 marcas da área de cama, mesa e banho, ante 170 de vestuário.”
Como uma das assinaturas da Texfair Home é, justamente, a atração de marcas com forte apelo junto aos consumidores, o tema esteve em alta ao longo da programação da abertura do evento na tarde de ontem, no parque Vila Germânia. Para o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, é preciso dissociar os produtos de cama, mesa e banho das confecções em geral.
Um dos diferenciais traçados reside em uma espécie de rearranjo mercadológico que alterou o foco das indústrias nacionais, responsáveis por, em outras épocas, destinarem até 70% da produção local ao mercado externo. “Esse foi um dos fatores que atrapalhou o desempenho do setor no biênio 2011/2012. Tudo o que ia para fora se deslocou para dentro. Por isso, marcas industriais poderosas expandiram sua atuação ao varejo, adquirindo marcas com forte recall e criaram uma nova categoria”, explica.
Veículo: Jornal do Comércio - RS