A colheita da primeira safra de feijão em Minas Gerais já está praticamente concluída e os produtores do Estado acumulam prejuízos significativos. De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), na região de Unaí, no Noroeste do Estado, o clima desfavorável fez com que houvesse grandes perdas na cultura, que chegam a 75% do volume estimada no início do plantio. Com a quebra de safra, os preços estão em patamares elevados e no final de fevereiro chegaram a R$ 260 por saca de 60 quilos.
Para o engenheiro agrônomo e extensionista da Emater-MG - Unidade Unaí Reinaldo da Silva Martins, o veranico registrado em dezembro e as chuvas de janeiro e fevereiro foram os principais fatores que comprometeram o desenvolvimento da cultura na região, que é a maior produtora do Estado.
"A primeira safra de feijão deste ano foi muito afetada pelos fatores climáticos. já que os fators climáticos comprometeram o desenvolvimento do grão. Além disso, as chuvas abundantes registradas entre janeiro e fevereiro ampliaram a umidade durante a colheita, o que favoreceu a manifestação de doenças e a perda da qualidade do feijão produzido na região", diz Martins.
Segundo a sondagem feita pelos produtores na região de Unaí, as perdas já comprometem em torno de 75% do volume estimado. A produtividade média que era de 40 sacas de 60 quilos por hectares foi reduzida para cerca de oito sacas e em algumas propriedades a perda foi total. A produção esperada era de 800 mil sacas de feijão, porém o volume máximo deve alcançar cerca de 200 mil sacas, queda de 75%.
"A situação é crítica para os produtores, uma vez que o prejuízo com a safra atual foi enorme. Além dos fatores climáticos, a infestação da cultura pela mosca branca também interfere no plantio da segunda safra, já que não foi possível controlar a praga devido às chuvas", avalia.
Safras - De acordo com o analista da Safras & Mercado Régis Becker, a produção mineira de feijão nas regiões Noroeste e Alto Paranaíba foi prejudicada gravemente pelas condições climáticas desfavoráveis. A quebra da safra em Minas Gerais, que é o segundo maior Estado produtor de feijão primeira safra, atrás apenas do Paraná, contribuiu para a redução da oferta e, como conseqüência, para a elevação dos preços.
Segundo a consultoria, os preços estão altos na região, registrando média diária em torno de R$ 240 por saca de 60 quilos. Na última semana de fevereiro, o valor pago pela saca de 60 quilos chegou a R$ 260.
"Os preços praticados em Minas Gerais estão altamente lucrativos e muito acima dos custos de produção que está estimado em R$ 80 por saca de 60 quilos. Com esse incremento, a tendência é que os produtores do país invistam mais na segunda safra, que deverá ser maior que a registrada em igual período produtivo do ano anterior", ressalta.
Para o extensionista da Emater-MG, mesmo com os preços em alta, a maioria dos produtores mineiros está acumulando prejuízos. "Como as interferências climáticas e a infestação da mosca branca comprometeram um volume muito grande de feijão, a maior parte dos produtores não tem o produto de alta qualidade para disponibilizar para o mercado", diz Martins.
A tendência é que os preços se mantenham em alta ao longo deste mês. O plantio da segunda safra em Minas Gerais já foi iniciado, porém na região de Unaí deverá ser tardio. "Devido à infestação da mosca branca os produtores ainda estão avaliando as condições e decidindo quando plantar. Se atrasar muito, os investimentos deverão ser direcionados para as o sorgo ou milho", enfatiza.
Veículo: Diário do Comércio - MG