A nova alta de 5% no preço do óleo diesel nas refinarias anunciada ontem pela Petrobrás, que já havia elevado o combustível em 5,4% no fim de janeiro, levou analistas, empresas e entidades a refazerem os cálculos para determinar o impacto de alta que a medida pode ter no custo do frete no País tanto no setor agropecuário quanto no industrial. Estudos iniciais de várias instituições apontam para aumentos que variam de 1,25% a 5%, o que significaria um repasse integral do aumento.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) projeta que o reajuste do preço do diesel vai provocar um impacto médio de 1,25% sobre o valor do frete. "É sempre uma pressão inflacionária, já que 60% do transporte de carga no País é sobre rodovias", afirmou o presidente da entidade, Clésio Andrade. Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, estima que o custo do frete pode ficar em média 1,46% maior.
Apesar das projeções de alta, Luiz Camilo Beneti, pesquisador da Esalq-Log - Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial, disse que motoristas autônomos podem absorver o aumento do preço do diesel em busca de competitividade. "Ao observar que os valores das transportadoras estão altos, aproveitam para entrar no mercado com os valores dos fretes mais baixos, dando assim equilíbrio (aos preços) no setor."
Agronegócio. Já a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) prevê que a alta do diesel pode representar um aumento no mesmo nível para o frete. "É possível que seja repassado (o porcentual de) 5% ou mais, porque o mercado está aquecido", disse Robson Mafiolletti, assessor técnico da Ocepar. Com a falta de caminhões para escoamento da safra, a nova Lei dos Caminhoneiros e a alta anterior no combustível, os fretes no Paraná já estão mais altos do que no ano passado.
Para Mafiolletti, o produtor só não tem reclamado mais da elevação dos custos do frete porque os preços dos grãos estão em níveis mais elevados do que no ano anterior. "Mas com certeza, já estão resultando em menor receita", disse, fazendo referência a uma redução dos ganhos por conta do aumento desse custo. "A Lei dos Caminhoneiros não vai mudar, o preço do diesel também não", afirmou ele, com a projeção de que, mesmo com demanda menor por transportes no segundo semestre, o preço do frete não recuar ao nível de 2012.
A Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso calcula que os dois reajustes de preços do óleo diesel nas refinarias devem provocar aumento de 1% no custo de produção das principais lavouras do Estado. Segundo o superintendente da entidade, Seneri Paludo, esse impacto no cenário atual de preços da soja não chega a ser preocupante, mas os produtores devem "deixar as barbas de molho", pois o impacto do combustível será grande no caso de retração das cotações da oleaginosa.
Paludo observou que a alta de preços do diesel também afeta as margens dos produtores devido aos maiores gastos com o frete, tanto na compra dos insumos como no escoamento da safra para os portos.
Veículo: O Estado de S.Paulo