A Piraquê, que há 62 anos fabrica biscoitos e, há 55, massas, decidiu investir em alimentos mais populares. No próximo mês, lança a batata frita ondulada com a marca Carioca e, também, uma linha de sucos em pó de marca própria. Os dois produtos são o pontapé inicial da empresa para entrar no mercado de salgadinhos e produtos em pó, como mistura para bolos e achocolatados. A produção inicial será terceirizada, mas a empresa já conseguiu um financiamento de R$ 100 milhões no BNDES para construir uma nova fábrica no município de Queimados, na Baixada Fluminense.
A estratégia inicial é testar o mercado com as duas linhas. "Queremos botar o pé neste segmento porque ele traz um resultado positivo para as empresas. Para algumas delas, chegam a representar 15% do faturamento", disse Alexandre Colombo, diretor de marketing do grupo Piraquê, que concentra sua produção em um complexo industrial de vários prédios em Madureira (RJ).
Em cinco anos, de 2006 a 2011, a receita bruta da companhia cresceu de R$ 302,9 milhões para R$ 534,2 milhões - um aumento de 76%. No ano passado, o faturamento cresceu 14,6% para R$ 612,5 milhões. A margem Ebtida teve expansão anual acima de 10%, em média, entre 2006 e 2010, e de 4,7% em 2011. O resultado de 2012 não foi informado.
Nessa nova etapa da empresa, pela primeira vez a fabricação de um produto da marca Piraquê será terceirizada. A batata será fabricada pela Boa Vista e a Vitalis fará o suco. "Testamos tudo. Exigimos batatas selecionadas e ingredientes no padrão de qualidade Piraquê. Além disso vamos avaliar todos os lotes", diz Colombo.
A nova fábrica ocupará uma área de 75 mil metros quadrados. A empresa recebeu o apoio da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin-RJ) e incentivos estaduais. "Nós temos caixa para construir, mas como os juros agora estão praticamente negativos, não há motivo para utilizarmos dinheiro próprio", observou Colombo.
O empresário explica que a linha de produção para os produtos em pó será a mesma, assim com a de salgadnhos ("snacks"). "Com isso, começamos com alguns e podemos ir expandindo a linha". A nova unidade também terá capacidade para fabricar a linha cookies e produtos com cobertura de chocolate, da qual a Bauducco é a líder atualmente. Até a nova fábrica ficar pronta, as novas linhas de produtos continuarão com a fabricação terceirizada.
Serão oito diferentes sabores para o refresco em pó: inicialmente os mais tradicionais, como laranja, uva, tangerina, limão ou maracujá. Já a batata Carioca terá três sabores: original, churrasco e cebola com salsa, e terá impresso, na embalagem, imagens de pontos turísticos do Rio.
Para enfrentar a concorrência, cujos líderes são a batata Ruffles, da PepsiCo, e o suco em pó Tang, da Kraft, a Piraquê conta com sua rede de distribuição própria que entrega a 60 mil clientes, a maioria no Rio, São Paulo e Espírito Santo. Colombo conta que, no início, não fará propaganda dos produtos na televisão. Integrante da terceira geração de donos da Piraquê - seu avô fundou a empresa em 1950, o executivo diz que, além de acreditar na força da marca, conhece bem o resultado que ações na internet e nos pontos de venda podem ter.
O preço dos novos produtos serão 10% menores que o concorrente mais vendido, mas Colombo diz que a estratégia não é preço baixo. "Seria contra nossa filosofia de preços", afirma, acrescentando com orgulho que sempre cobra a mesma tabela de todos os revendedores e que não pratica redução de preços para participar de promoções. "Se o distribuidor incluir nossos produtos em alguma promoção para chamar consumidor, é ele quem arca com a redução da marca", afirma. "Não vamos entrar na guerra de preços. Mas vamos chegar em vários lugares que eles não chegam". As entregas da empresa são todas feitas em 200 caminhões próprios. Para entregar os novos produtos, ainda não será necessário ampliar a frota.
Veículo: Valor Econômico