B2W cresce em 2012, mas sem sair do prejuízo

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Maior empresa de comércio eletrônico do Brasil, a B2W, controlada pelos sócios da Lojas Americanas, pode ter começado a deixar o pior para trás. Alguns dos primeiros indicadores que mostrariam alguma mudança - como reflexo da atual reestruturação - vieram melhores no último trimestre de 2012. A receita líquida subiu 35% (acima do magro um dígito dos dois anos anteriores) e houve queda no volume recorde de reclamações de consumidores contra suas empresas Submarino e Americanas.com, fatores citados em relatórios de avaliação dos analistas. As ações ON da empresa fecharam na sexta-feira com a maior alta do dia na BM&FBovespa, de 5%.

Foi o caso, inclusive, de uma discreta comemoração, com declarações repetidas do comando aos analistas sobre as melhorias, na teleconferência de resultados. "Os números comprovam que estamos no caminho certo", disse Fabio Abrate, diretor de relações com investidores da B2W, dona do Submarino e Americanas.com.

Mudou, é fato, mas nem tudo está no lugar. E é por isso que, quando se analisam os resultados da controladora e controlada, a Lojas Americanas continua a registrar sinais mais sólidos de crescimento do que a B2W, segundo números divulgados na sexta-feira. Na rede física, os investimentos também sobem mais do que nas lojas on-line. No ano passado, essa soma cresceu 50% nas Lojas Americanas e na B2W, caiu 8% sobre 2011.

Controlada pelos sócios brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, a Lojas Americanas, com 729 unidades, aumentou a receita líquida em 21,6% de outubro a dezembro, e o lucro cresceu mais rápido, 37,7%, atingindo R$ 248 milhões. Em 2012, a receita e lucro aumentaram 13,6% e 20,5%, respectivamente. Resultado: a margem líquida, um dos indicadores difíceis de subir no varejo, passou de 5,8% no quarto trimestre de 2011 para 6,6% no mesmo intervalo de 2012. Mesmo ao se descontar o efeito da venda ao Itaú da financeira que a rede tinha com o banco, o lucro da empresa ainda aumenta 20,5%. "Estamos em 254 municípios e há mais de 5,5 mil cidades do país. As possibilidades são imensas", disse Murilo Corrêa, diretor da rede.

Na B2W, a conta (ainda) é outra. A receita subiu, mas o prejuízo voltou a crescer - aumentou 51,7% e atingiu R$ 43,7 milhões de outubro a dezembro. No ano todo, a perda líquida foi de R$ 170,7 milhões, quase o dobro do prejuízo de R$ 89,2 milhões de 2011. A rentabilidade, que já estava negativa, caiu mais. Despesas operacionais elevadas explicam a linha final do balanço. A margem líquida da empresa, negativa em 2,4% no último trimestre de 2011, foi a - 2,8% em igual período de 2012. Mas o índice melhorou ao longo do ano - estava na faixa de -4,5%, em média, nos três trimestres anteriores. Relatório da corretora Planner ressalta que tanto o Ebitda quanto o resultado final decepcionaram.

Entre os dois temas citados pela empresa como positivos, a B2W repetiu que prevê R$ 1 bilhão em investimentos nos próximos três anos (média de R$ 333 milhões por ano, dentro do valor já aplicado anualmente pela rede) e reforçou que abrirá 10 centros de distribuição até 2015. Alguns analistas estão mais confiantes. "Acreditamos nos esforços da companhia, que resultaram na manutenção consistente da queda das reclamações e consequente maior confiança dos clientes", escreveu em relatório o analista Thiago Gramari, do BB Investimentos.

Nessa discussão, há um ponto crucial para explicar a diferença de desempenhos da rede física e da operação virtual. Apesar de o negócio on-line ter menores custos, os resultados da última linha do balanço do setor no Brasil ainda são uma incógnita. German Quiroga, presidente da Nova Pontocom, do Grupo Pão de Açúcar, costuma dizer que a maioria das operações no país está no vermelho. Guerra de preços, concorrência predatória e má gestão não deixam a conta fechar.

O modelo de gestão do trio de sócios é bem avaliado, não é essa a questão. Se a B2W ainda dá prejuízo e a Lojas Americanas só aumenta o lucro isso é reflexo, em parte, de sua recente perda de credibilidade, consequência de erros estratégicos no passado, dizem analistas, o que acabou afastando os clientes dos sites. Com uma rede de distribuição "complexa", como já admitiu a própria empresa, com poucos CDs regionais, a B2W perdeu a corrida pela pontualidade. Começou a tentar mudar esse jogo em 2011, após um Natal com atrasos nas entregas. Os atuais investimentos em estrutura tem sido feitos para tentar virar essa página.



Veículo: Valor Econômico


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