Lojas de brinquedos têm de concorrer com eletrônicos

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Ao lidar com o público infantil, que cada vez mais se assemelha ao adulto em relação a hábitos de consumo e exigência, as lojas de brinquedos apostam em espaços personalizados e interativos para captar fluxo e driblar a disputa com outros segmentos, como o de eletrônicos e o de vestuário. A gigante Ri Happy - que prevê fechar 2013 com faturamento acima de R$ 1 bilhão e obter alta na casa de 12% -, é uma das empresas que mais investem nesse tipo de operação. Controlada atualmente pelo fundo Carlyle, e dona da antiga concorrente PB Kids, a rede aposta na criação de verdadeiras áreas de lazer.

O grupo, que prevê abrir mais 30 lojas este ano e somá-las às 126 que já estão em atividade, vê concorrência com grupos de outros segmentos, pois a nova geração prefere, por vezes, ganhar uma peça de roupa ou um aparelho eletrônico em vez de brinquedos. Pensando nessa tendência, o grupo optou por formatos que desenvolvam uma experiência de compra em seu consumidor.

"Grande parte das nossas lojas é lúdica e oferece entretenimento para as crianças. A Ri Happy é uma 'loja destino', por isso é lembrada pelas crianças como a loja do 'solzinho'. Elas não entram nas unidades necessariamente para comprar, mas também para brincar", disse Mário Honorato, diretor de marketing do grupo, em entrevista ao DCI.

Exemplos desse cenário são as operações da empresa no Shopping Interlagos e no Internacional Guarulhos, ambos localizados na cidade de São Paulo (SP). A primeira, considerada pelo executivo a maior loja de brinquedos da América do Sul, com 1.700 m², possui 6 espaços lúdicos (corners), onde as crianças podem brincar e experimentar produtos das marcas Nintendo, Grow, Estrela, Lego, Candide e Bandeirante. Por se localizar próximo do autódromo, há dentro dela uma réplica em tamanho real de um carro da Fórmula 1.

Já a segunda tem como decoração, pendurada do teto, uma réplica do aeroplano XIV Bis, que fica em constante movimento, além de um avião do Ben 10, personagem de um famoso programa infantil, devido à proximidade com o aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). A unidade possui 4 corners que trabalham com brinquedos da linha Nintendo, Ben 10, Estrela e Bandeirante.

Assim, a ornamentação temática das lojas fica por conta da cultura local onde elas estão instaladas. O mote da decoração da Ri Happy do shopping Boulevard Belém, situada na capital paraense, é a Ilha de Marajó, um dos principais centros turísticos da região. Na unidade do Riomar Shopping Recife, na capital pernambucana, é o maracatu, dança folclórica típica do estado. Na loja do Shopping São Bernardo Plaza, no Grande ABC, é o automóvel, símbolo do desenvolvimento econômico dessa localidade.

Não obstante, com o intuito de fazer da melhor forma a conexão entre a marca e o cliente, todos os funcionários são capacitados para identificar de prontidão a demanda dos consumidores.

"Na tentativa de resgatar alguns valores familiares, nós geramos uma socialização entre pais e filhos dentro das lojas", declarou Honorato, lembrando-se das mudanças culturais pelas quais passaram a sociedade ao longo dos anos.

Destacando a importância do ato de brincar -hábito, que segundo ele, tem sido esquecido por muitas crianças da nova geração-, o executivo ressaltou que os pais são fundamentais para a resistência a este movimento de antecipação da fase adulta, sendo um dos elementos que seguram as vendas do segmento. "Hoje, um menino de oito anos de idade não quer mais um boneco, quer tênis de marca ou um celular." Além da educação dada pelos pais, outro ponto que tem sustentado o crescimento significativo do varejo de brinquedos é a mídia. Para ele, o segmento está intimamente ligado ao que está em pauta nos meios de comunicação de massa, o que explica o fato de o licenciamento ter mais força no setor do que em outros nichos da economia brasileira. "A venda de brinquedos depende muito de modismo", concluiu.

Norte e nordeste

Empolgado com o desenvolvimento econômico de localidades que não fazem parte do eixo sul e sudeste, Mário Honorato vê as atividades nas Regiões Norte e Nordeste como uma grande oportunidade de crescimento. Isso porque, segundo ele, as áreas onde o varejo está mais consolidado já possuem uma ampla ocupação da rede.

Tal movimento ainda fica mais explícito quando se observa a escassez de mão de obra em cidades que antigamente recebiam uma quantidade considerável de imigrantes vindos de outras regiões brasileiras, disse Honorato.

Dentre as 30 unidades previstas para este ano, o executivo adiantou que haverá uma inauguração no Estado do Pará e uma em Alagoas até o segundo semestre de 2013.



Veículo: DCI


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