Redução de preço coloca em alerta fabricantes de celulose

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A preocupação com o excesso de oferta de celulose se avizinha e coloca os produtores brasileiros em estado de alerta. Com a perspectiva de aumento da produção este ano e em 2014, em mais de 5,5 milhões de toneladas da commodity em função de novas fábricas que iniciam operações na América do Sul, já existe fabricante que aponta para a possibilidade de um movimento de redução da oferta como forma de manter os preços no atual patamar e evitar a quase iminente redução do preço da celulose no mercado internacional pelo excesso de oferta do produto e a consequente queda das margens do setor.

O novo presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, acenou para essa possibilidade, caso a oferta aumente demais pressionando os preços da commodity. "Para que isso [redução de preços] não aconteça temos que ter mais disciplina de preços e oferta e a Suzano irá tomar posição ativa de limitar a oferta para conter a turbulência. Vamos trabalhar para que os preços não caiam conforme dizem analistas", disse o executivo em sua primeira coletiva de imprensa sobre os resultados da companhia. A estimativa de analistas a que se refere o executivo, recém contratado para substituir Antônio Maciel Neto, é de que este ano a oferta não pressione tanto o valor da commodity no mercado internacional. Porém, já em 2014 o cenário poderá ser diferente já que as novas fábricas, que iniciaram a operação no final do ano passado como a Eldorado, ou em fase de implantação, como a da Stora Enso no Uruguai e da própria Suzano, no Maranhão, já poderão despejar no mercado um volume até quatro vezes mais alto que a capacidade de absorção das novas máquinas de papel previstas, principalmente na China.

Segundo o especialista em celulose e papel da Tendências Consultoria, Bruno Rezende, o mercado chinês, um dos destinos da celulose brasileira que apresenta crescimento mais forte, teria a capacidade de absorver até 1,5 milhão de toneladas de celulose de eucalipto, somado ao crescimento orgânico do mercado. Sendo assim, com as novas capacidades em vista, os preços tendem a recuar. Para ele, esse movimento já poderia começar a ser visto a partir do segundo semestre deste ano, uma vez que já foi anunciado um novo aumento de preços para a commodity. "Esse deverá ser um dos últimos movimentos para cima, a partir da metade do ano e nos próximos dois anos a sobreoferta pressionará os valores", afirmou ele. "Apesar disso, podem ocorrer correções de valores com choque de ofertas, mas a tendência é de baixa até 2015, quando a demanda deverá voltar a subir", completou o analista.

Já o economista Wermeson França da LCA disse que o pior momento de preços deverá ser mesmo em 2014 motivada pelo excesso de oferta. Porém, ele projeta que para 2013 ainda há espaço para um leve aumento de preços da commodity e cita que o produto iniciou cotado no mercado europeu, o maior destino das exportações da celulose com 46% da produção, a US$ 751 por toneladas e que poderia encerrar dezembro a US$ 769 a tonelada.

"As novas capacidades levariam a uma redução na pressão, deixando o aumento moderado em função dos estoques em baixa. Se não houvesse novas linhas de produção, o aumento de preços que vem sendo praticado desde meados do ano passado, continuaria em 2013", disse. Essa estimativa de ancoragem de preços, explicou ele, se baseia na incerteza do desempenho econômico dos mercados e dos sinais de lenta recuperação na Europa e Estados Unidos além da indefinição sobre os rumos da economia chinesa neste ano.

Suspensão

Ainda ontem a Suzano revelou os planos de suspensão de investimentos na unidade de 1,5 milhão de toneladas de celulose que construiria no Piauí e da Suzano Energias Renováveis (SER). O motivo é o endividamento da empresa, que está sensivelmente mais alto quando comparado a duas outras empresas com capital aberto e que atuam com celulose mas em mercados diferentes, a Fibria, cuja relação entre a receita líquida e o Ebitda (resultado antes de impostos, juros, depreciação e amortização) fechou em 3,4 vezes e a Klabin, cujo indicador ficou em 2,4 vezes. As três empresas adotaram medidas para a redução de custos.

No caso da Suzano, o indicador está em 5 vezes e os projetos só poderão ser retomados quando esse número estiver em 2,5 vezes. Schalka disse que se o endividamento da empresa estivesse nesse patamar, os projetos poderiam ter continuidade com as atuais condições macroeconômicas.




Veículo: DCI


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