Durante o 1˚ Fórum Nacional do Varejo, empresários do comércio reclamam da burocracia tributária
O setor varejista brasileiro deu uma demonstração de unidade no último fim de semana durante o 1˚ Fórum Nacional do Varejo, evento organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) que aconteceu no Guarujá, no litoral de São Paulo. No momento em que as vendas no comércio varejista brasileiro mostram sinais de recuperação e crescimento em relação ao ano passado, os capitães do setor pregaram contra a alta burocracia do sistema tributário, pediram atenção do governo e prometeram marchar juntos em Brasília.
“A gente não era convidado para nada e não tinha uma voz lá dentro (do governo). Os bancos brigam entre si, mas têm um órgão forte. Nós precisamos de união, já somos o maior empregador do Brasil”, disse a empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza. Ela se referia à consolidação do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), entidade fundada em 2004 e que, hoje, reúne as 39 maiores empresas do país e representa o principal interlocutor do setor junto ao governo federal.
Presidente do instituto da Riachuelo, o empresário Flávio Rocha disse ao BRASIL ECONÔMICO que essa será a década da formalização. “O varejo é a bola da vez da formalização. A nota fiscal eletrônica é um fator importantíssimo para isso, assim como a penetração do crédito, que tem efeito exponencial nesse processo.”
Ainda segundo Rocha, a expectativa é que os varejistas repitam o fenômeno da pecuária de corte, micro informática e construção civil. “Esse três setores se formalizaram muito rapidamente.”
Em sua intervenção, o economista Paulo Rabelo de Castro ponderou que o governo precisa fazer sua parte. “O estado brasileiro atua como antagonista dos empresários: vigia cada vez melhor para tributar mais ainda.”
Luiza Trajano, por sua vez, reclamou que o lucro do varejo “é muito baixo” e desabafou. “Nós sofremos muito. Temos que pegar o ônibus e ir para o Congresso.”
Representando o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que viajou com a presidente Dilma Rousseff para a África, o secretário nacional de Comércio, Humberto Ribeiro, lembrou que o comércio não atuava formalmente nas políticas econômicas do governo até a criação do cargo ocupado por ele hoje.
Depois de fazer a abertura do evento, o governador Geraldo Alckmin defendeu em conversa com os jornalistas a unificação da alíquota do ICMS, com um período de transição que chegue em 4% para o país inteiro. “O varejo faz o elo entre a produção e o consumo. Ano passado o PIB cresceu pouco, mas o varejo em são Paulo cresceu 9,7%”, disse o governador.
A criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa foi um tema que passou ao largo do Fórum Nacional do Varejo. Questionado pelo BRASILECONÔMICO sobre o tema, o governador foi evasivo, já que seu partido foi contra a iniciativa. “Defendo políticas públicas para o setor, mas isso é assunto do governo federal.”
Veículo: Brasil Econômico