Governo de Cristina Kirchner cria cartão de crédito com juro menor
O governo de Cristina Kirchner confirmou, ontem, a prorrogação do congelamento de preços até 1.º de junho, nos sete maiores supermercados do país. Ao mesmo tempo, lançou um cartão de crédito, o "supercard", que será emitido pelos supermercados com comissões e juros inferiores aos do mercado.
Ambas as decisões foram anunciadas pelo diretor executivo da Associação de Supermercados Unidos (Asus), Juan Carlos Vasco Martínez, e pela subsecretária de Defesa do Consumidor, María Lucila "Pipi" Colombo, após reunião com o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.
A exemplo do congelamento lançado em 4 de fevereiro com prazo de expiração em 1.º de abril, a prorrogação não tem papel escrito nem medida formal. Porém, a ordem do xerife dos preços, o secretário Moreno, foi expressa: "Aumentos de preços só ocorrerão em casos pontuais e mediante autorização", conforme explicou Martínez.
Fontes do setor já haviam revelado a intenção do secretário de levar o congelamento até as eleições parlamentares de outubro, mediante renovações bimensais dos acordos com os supermercadistas. A medida é um reconhecimento explícito da elevada inflação no país, não refletida nos indicadores oficiais, que apontaram alta de 10,8% em 2012, enquanto os institutos privados apuraram 25,6%.
O governo informou um IPC de 1,1% em janeiro e de 0,5% em fevereiro. Porém, os economistas afirmam que a inflação real duplicou a oficial, repetindo comportamento verificado desde janeiro de 2007. Para 2013, as expectativas são de alta de 30%, uma das maiores do mundo.
Limite. De acordo com Maria Lucila Colombo, o cartão terá um limite de compra de 3 mil pesos (cerca de US$ 585 pelo câmbio oficial) e financiará gastos de até mil pesos (em torno de US$ 195) com juros máximos de 22%.
Segundo ela, o supercard vai baixar de 62% a 22% os juros cobrados aos consumidores pelos financiamentos dos gastos com cartão de crédito. Essa diferença, continuou, será em favor dos consumidores, que poderão ampliar o consumo.
A subsecretária disse ainda que as redes de eletrodomésticos vão aderir ao sistema, que entrará em vigor a partir de 1.º de abril. Para Martínez, o novo cartão vai ajudar a sustentar a estabilidade dos preços porque vai reduzir de 3% a 1% as comissões que os supermercados pagam aos emissores de cartões de crédito em cada operação.
"Vamos criar uma sociedade administradora única para emitirmos o supercard, que vai substituir os cartões que os supermercados já possuem", detalhou Martínez.
Ele esclareceu que os consumidores vão poder continuar usando dinheiro em espécie ou qualquer outro cartão para pagar suas compras. Porém, indicou que o supercard poderia receber tratamento prioritário pelos supermercadistas. "Se o resto dos cartões não nos oferece condições tão boas quanto as do supercard, eles vão acabar sendo expulsos do próprio circuito comercial", alertou, em entrevista coletiva.
Segundo o Banco Central da República Argentina, existem no país cerca de 27 milhões de cartões de crédito, de 17,8 milhões de titulares.
Fonte da Associação de Bancos da Argentina disse ao Estado que a instituição não foi informada oficialmente sobre a medida nem recebeu nenhum pedido de Moreno para reduzir as comissões cobradas pelos cartões. O presidente da Confederação Geral Empresarial, Raul Silverstein, explicou que o novo sistema será financiado por um fundo formado por companhias de seguro.
Veículo: O Estado de S.Paulo